Grupo NAS quer “alinhamento de interesses” na Groundforce e diálogo com sindicatos
A empresa do Kuwait "espera conseguir um alinhamento de interesses com os credores, trabalhadores, TAP e regulador, permitindo uma visão de longo prazo para a SPdH/Grounforce”.
A empresa originária do Kuwait National Aviation Services (NAS), selecionada como “licitante preferencial” para a aquisição da Groundforce, garantiu esta segunda-feira que espera um “alinhamento de interesses” com os credores e trabalhadores, garantindo “uma relação construtiva” com os sindicatos.
Na nota, a NAS recordou que “foi selecionada como licitante preferencial pelos administradores de insolvência da SPdH/Groundforce (Serviços Portugueses de Handling) para a aquisição da empresa”, depois de esta informação ter sido confirmada, no passado dia 29 de julho, por Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell. “Ainda em fase de negociações finais com as várias partes interessadas, a NAS espera conseguir um alinhamento de interesses com os credores, trabalhadores, TAP e regulador, permitindo uma visão de longo prazo para a SPdH/Grounforce”, destacou o grupo.
A empresa indicou que “com a aprovação do plano de insolvência, a NAS irá adquirir 50,1% das ações da empresa em Portugal”, recordando que, “atualmente, a Groundforce presta serviços de assistência em escala à TAP Portugal e a outros clientes de várias companhias aéreas nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo”. “É uma honra para a NAS ter sido selecionada para o concurso da Groundforce Portugal e estamos entusiasmados com as oportunidades que isso nos traz para melhorar os serviços de assistência em terra e carga nos diferentes aeroportos de Portugal. Este também é um grande momento para a NAS, já que marca a nossa primeira entrada no setor europeu de assistência em terra”, disse Hassan El-Houry, presidente executivo do grupo NAS, citado na mesma nota.
“Acreditamos firmemente que temos os três fatores-chave necessários para ter sucesso em Portugal, designadamente estabilidade acionista e de gestão, o que nos torna investidores de longo prazo, e também a solidez financeira para superar os altos e baixos possíveis nesta indústria e, ainda, a experiência de operar em mercados complexos, o que nos torna adaptáveis a contextos desafiantes. Este perfil, juntamente com fortes parcerias locais, garante a prestação do melhor serviço possível em todos os países onde operamos”, salientou o mesmo responsável.
“As pessoas estão no centro do nosso negócio. Os nossos funcionários são a nossa linha da frente para, assim, oferecermos serviços de qualidade. Estamos a fazer o nosso melhor para reter os especialistas existentes na empresa, enquanto desenvolvemos mais ferramentas e talentos para o futuro próximo”, garantiu o presidente do grupo.
Assim, “a NAS trabalhará para evitar quaisquer ações que possam perturbar a transição e, a longo prazo, trabalhará com todas as partes para concretizar uma estrutura organizativa mais eficiente e, deste modo, promover uma melhor experiência para os clientes”, lê-se, na mesma nota.
A empresa “acredita que uma relação construtiva com os sindicatos e a formação contínua dos trabalhadores são a melhor forma de alcançar o sucesso a longo prazo da empresa e, em simultâneo, proporcionar carreiras gratificantes para todos”, assegurou, sublinhando que “está comprometida no investimento em pessoas, formação, tecnologia e infraestrutura, para ajudar a tornar os aeroportos portugueses mais eficientes e transformá-los em ‘hubs’ logísticos”.
A NAS disse ter “uma longa experiência em serviços de aviação, concretamente assistência em terra e gestão de carga, com um relevante histórico no que diz respeito ao fornecimento, aos passageiros, de serviços de elevada segurança, qualidade e pontualidade”, estando entre os seus clientes “algumas das principais companhias aéreas do mundo — British Airways, Lufthansa, Air France/KLM, Qatar Airways, Emirates e Ethiopian Airlines”.
O grupo opera em 23 países e em mais de 55 aeroportos no Médio Oriente, Ásia e África, com mais de 8.000 funcionários. O “período de negociações exclusivas que agora se iniciará deverá permitir que, no decurso das próximas semanas, se vejam fechados todos os termos e condições em que se fará esta capitalização, visando, depois, avançar com as negociações junto dos credores, para elaboração da proposta de plano de insolvência que se verá submetida, no âmbito do processo de insolvência, à votação”, afirmaram, no dia 29 de julho, num comunicado dirigido aos trabalhadores, os administradores de insolvência da Groundforce, Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell.
Contudo, salientaram, a “entrada no capital da Groundforce pelo investidor apenas poderá ocorrer no âmbito do processo de insolvência e após a aprovação e homologação do plano de insolvência a ser apresentado pelos administradores da insolvência”. O comunicado dos administradores de insolvência surgiu na sequência de notícias avançadas pela imprensa dando conta que a NAS ganhou a corrida para a compra da Groundforce.
Começando por garantir que são “alheios à publicação de tais notícias”, os administradores confirmaram, no entanto, que “o processo competitivo que se encontra em curso, visando identificar um investidor para capitalizar a empresa (nos termos e nas condições que se concretizarão, depois, na proposta de plano de insolvência que será apresentada posteriormente) culminou, após a submissão das propostas finais pelos investidores NAS e SWISSPORT, com a seleção da NAS para encetar negociações, de forma direta e exclusiva, com a massa insolvente”.
O objetivo é “alcançar um acordo que assegure as melhores condições para a recuperação da Groundforce e de ressarcimento dos créditos dos credores”. Segundo Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell, era sua intenção – após a reunião que tiveram ao final da manhã de quinta-feira com a Comissão de Credores, “visando informar os seus membros das evoluções mais recentes ocorridas no processo competitivo em curso” – elaborar “um breve comunicado para informar os trabalhadores destas mesmas evoluções”.
Neste contexto, “foi com surpresa que constaram a publicação de notícias relacionadas com este assunto junto dos meios de comunicação”. Garantindo que é sua “firme intenção assegurar a transparência e a exatidão das informações que chegam a toda a equipa da Groundforce, enquanto elementos essenciais no melhor desfecho deste processo de insolvência”, os administradores de insolvência salientaram ser “importante e crucial” para um “bom desfecho” do processo que “toda a equipa da Groundforce se mantenha focada e empenhada na sua missão, assegurando a prossecução da sua atividade comercial e a excelência que a caracteriza”.
No dia 22 de setembro de 2021, os credores da Groundforce, reunidos em assembleia de credores, no tribunal de Monsanto, Lisboa, aprovaram a recuperação da empresa, tal como sugeriam os administradores de insolvência, avançou, na altura, fonte sindical à agência Lusa. A lista de credores da Groundforce, compilada durante o processo de insolvência da empresa, conta com 2.791 entidades, num total de mais de 154 milhões de euros, sendo que a TAP viu reconhecidos créditos de quase 19,7 milhões de euros.
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