Minipreço fecha 25 lojas e despede 159 trabalhadores, menos 12% do que o previsto
Grupo DIA fecha 25 lojas Minipreço e despede um total de 159 pessoas em Portugal, após negociação que colocou 12% dos envolvidos noutras funções. Vendas voltaram a cair 4,5% no primeiro semestre.
A lidar com um “complexo cenário macroeconómico com pressão sobre os custos e os preços devido à escalada da inflação”, o grupo DIA avançou com o encerramento de 25 lojas Minipreço em Portugal, numa decisão que diz estar “devidamente enquadrada no esforço de adaptação, modernização e equilíbrio das operações da Dia Portugal, com o objetivo de melhor preparar a empresa para os desafios atuais e futuros que decorrem da atual conjuntura económica no país”.
Em resposta às perguntas enviadas pelo ECO na sequência de uma greve convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP), fonte oficial da empresa que detém a insígnia Minipreço adianta, ainda assim, que “foi possível recolocar 12% dos colaboradores afetados, que saíram deste processo de despedimento coletivo, concluindo-se pela necessidade de supressão não de 181, mas de um total de 159 postos de trabalho”.
“Todo este processo foi conforme com os requisitos legais aplicáveis, contando desde o primeiro momento com a participação ativa da Comissão de Trabalhadores da DIA Portugal, que, num clima construtivo e de trabalho contínuo durante as três semanas de negociação, foi fundamental para garantir a paz social, salvaguardando os direitos dos colaboradores afetados”, acrescenta a mesma fonte.
A empresa assegura que “fará todos os esforços para manter uma operação estável e que contribua para a tranquilidade de todos os que diariamente contribuem” para a operação em Portugal, incluindo nesta lista os clientes, fornecedores, colaboradores e franqueados. Já o sindicato afeto à CGTP reclama que este despedimento é “evitável” e que “boa parte” dos abrangidos podiam ser absorvidos para “garantir o bom funcionamento” das lojas que continuam abertas ao público.
“Os trabalhadores consideram que a situação financeira da empresa é o resultado de uma má gestão, que, particularmente desde 2012, tem vindo a desenvolver políticas de desinvestimento na qualificação e valorização dos trabalhadores e das lojas, com a desvalorização acentuada dos salários e o brutal desinvestimento na requalificação e manutenção das lojas”, critica a estrutura sindical.
Vendas em Portugal caem 4,5% no primeiro semestre
Nos últimos dois anos, a multinacional com estabelecimentos em Espanha, Portugal, Brasil e Argentina acumulou prejuízos superiores a 620 milhões de euros. Esta quinta-feira, a sociedade controlada pelo fundo de investimento LetterOne do russo Mikhail Fridman — um dos oligarcas sancionados pela invasão da Ucrânia –, reportou perdas de 104,7 milhões de euros no primeiro semestre (-0,1% em termos homólogos), com as vendas globais a crescerem 8,5%, apesar da redução de 4,3% no parque de lojas em relação aos primeiros seis meses do ano anterior.
Em Portugal, as vendas líquidas ascenderam a 283,1 milhões no primeiro semestre, 4,5% abaixo dos 296,3 milhões até junho de 2021. Já as vendas comparáveis registaram uma “melhoria significativa no segundo trimestre, apresentando níveis de 3,2% face aos -6,8% registados no primeiro trimestre do ano”. O EBITDA ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) caiu 130 pontos base em termos de margem, “afetado pela queda no volume de vendas e maiores despesas operacionais não repercutidas ao cliente final, incluindo sobrecustos de energia e combustíveis que totalizaram 3,8 milhões de euros”.
A 30 de junho, o total de lojas Dia Portugal ascendia a 494, das quais 202 próprias e 292 franqueadas. Nos primeiros seis meses do ano, o grupo diz ter concretizado “247 encerramentos estratégicos de lojas não rentáveis”, das quais 113 em Espanha, 121 no Brasil, 8 na Argentina e 5 em Portugal. Durante o segundo semestre deste ano, o grupo admite que “continuará a rever o portefólio com o objetivo de melhorar a sua rentabilidade”.
Questionada pelo ECO através da assessoria de imprensa, a filial portuguesa não quis comentar a possibilidade de avançar em breve com a alienação de estabelecimentos comerciais em Portugal, à imagem do acordo que foi anunciado esta semana em Espanha, com o Alcampo, parte do Grupo Auchan, a fechar a compra de 235 supermercados Minipreço no país vizinho.
Já sobre o futuro da operação no mercado português, o grupo de distribuição alimentar assinala a “intenção de continuar a investir em Portugal, reajustando a sua operação à realidade atual por forma a garantir o sucesso futuro da sua operação, com uniformidade, proporcionalidade e equidade”.
Reforçamos a intenção de continuar a investir em Portugal, reajustando a operação à realidade atual por forma a garantir o sucesso futuro da operação, com uniformidade, proporcionalidade e equidade.
Na apresentação dos resultados semestrais, o presidente executivo, Stephan DuCharme, frisou que Espanha e Argentina, que representam já 80% das vendas líquidas do grupo, estão em crescimento. Por outro lado, assinalou numa nota divulgada pelo grupo, Brasil e Portugal ainda “estão a trabalhar no desenvolvimento de seus modelos de negócios e a alcançar avanços significativos que também os aproximam da conclusão do seu plano de transformação”.
Na assembleia geral realizada a 9 de junho, o gestor da empresa fundada há quatro décadas em Madrid, que emprega 39 mil pessoas em quatro países, destacou como prioridades a transformação das lojas para um novo modelo baseado na proximidade; a “profunda revisão” da sua marca própria (Nova Qualidade DIA); e a implementação de um novo modelo de franquia para fortalecer a aliança com os produtores locais, que disse estar concretizada “em quase toda a rede de franquia em Espanha, Argentina e Portugal”.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Minipreço fecha 25 lojas e despede 159 trabalhadores, menos 12% do que o previsto
{{ noCommentsLabel }}