CML paga 30 mil euros a Sérgio Figueiredo por campanha
Em 2020 a Plataforma Coerente, de Sérgio Figueiredo e Margarida Pinto Correia, recebeu da CML, liderada por Fernando Medina, 30 mil euros por uma campanha de incentivo às compras no comercio local.
A Plataforma Coerente, empresa de Sérgio Figueiredo e de Margarida Pinto Correia, recebeu da Câmara Municipal de Lisboa 30 mil euros em dezembro de 2020. Fernando Medina era o presidente da autarquia e Sérgio Figueiredo tinha saído da TVI seis meses antes. Esta terá sido a primeira vez que o atual ministro das Finanças contratou os serviços de Sérgio Figueiredo, que por sua vez o tinha contratado para comentador da TVI.
A informação é avançada esta quinta-feira pela Sábado e em causa está uma campanha para incentivar o comércio local. O contrato foi assinado a 10 de dezembro de 2020, publicado a 17 de dezembro e cumprido em 13 dias.
De acordo com a newsmagazine do grupo Cofina, oficialmente a CML terá aberto uma consulta prévia para “aquisição de serviços de desenvolvimento de produção de uma campanha de comunicação destinada aos estabelecimentos de comércio tradicional a retalho e de restauração e bebidas, no âmbito do Plano de Apoio Económico e Social”, mas não está no Portal Base dos contratos públicos quais foram as empresas (a lei exige pelo menos três nos procedimentos de Consulta Prévia) que auscultadas antes da adjudicação.
“Estávamos no segundo confinamento [2020], todos os dias fechavam lojas de bairro e chamei a atenção de Fernando Medina que não se salvava da falência aquela gente toda apenas com subsídios. Era preciso sensibilizar as pessoas para privilegiarem o comércio local nas suas compras de Natal”, contou Sérgio Figueiredo à Sábado.
“Foi uma campanha de promoção das compras de Natal no comércio local, no contexto da segunda vaga de Covid e esteve no ar nas três televisões em dezembro desse ano. Chamou-se Parte de Nós.” A campanha consiste em blocos de depoimentos de figuras públicas.
A Plataforma Coerente, prossegue a Sábado, tinha acabado de ser criada, a 17 de agosto de 2020. Com sede em Lisboa e capital social de cinco mil euros, é detida por Sérgio Figueiredo (70%) e pela atriz e jornalista Margarida Pinto Correia (30%). Tem como objeto social “atividades de relações públicas e de comunicação, produção de filmes, de vídeos e programas de televisão, atividades técnicas de pós-produção para filmes, vídeos e programas de televisão”, entre outros.
Sérgio Figueiredo, recorde-se, foi contratado por ajuste direto, para prestar serviços de “consultoria estratégica especializada” ao Ministério das Finanças. A escolha de Fernando Medina está a gerar uma onda de críticas da esquerda e da direita parlamentar, tanto pelo modelo escolhido para celebrar o contrato com o ex-diretor de informação da TVI como pelo facto do ministro das Finanças ter sido comentador da TVI contratado por Figueiredo quando era diretor de informação da estação. O agora consultor do Ministério das Finanças vai receber 70 mil euros ano, mais do que o ordenado de ministro.
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