Revolving? MTIC? Sabemos hoje mais de economia?
O novo estudo do Cetelem veio mostrar que a condição financeira dos portugueses está a melhorar. Mas nem tudo são rosas: no geral, continuamos sem dominar muitos termos do campo financeiro.
As despesas mensais fixas têm este ano menos peso no orçamento das famílias portuguesas e elas conseguem poupar mais. A conclusão é do estudo sobre Literacia Financeira dos Portugueses, divulgado esta quarta-feira pelo Observador Cetelem. Outras conclusões importantes passam pelo facto de os portugueses saberem cada vez melhor o estado das suas economias e de continuarem sem saber o significado da maioria dos termos financeiros.
Em 2016, as despesas fixas ainda pesam mais de metade do orçamento mensal para 24% das famílias. Contudo, é uma boa notícia, tendo em conta que em 2016 a percentagem era de 35%. Mesmo assim, e apesar de a maioria dos portugueses conseguir pagar essas despesas dentro dos prazos previstos, perto de 60% dos portugueses afirmam ter dificuldade em fazê-lo. Só 15% dos inquiridos tem capacidade de pagar antes de tempo, e 9% pagam já depois do prazo.
Neste cenário, é fácil perceber a razão para ainda 47% dos portugueses que participaram no estudo terem confessado que não conseguiriam suportar uma despesa inesperada se ela surgisse. É uma melhoria relativamente ao ano passado, em que a percentagem ascendia aos 60%, mas continua a ser um número bastante elevado.
Os pés-de-meia estão a crescer
Em 2017, 49% dos portugueses confessa que consegue manter hábitos de poupança, em comparação com os 36% do ano passado. E a percentagem dos que conseguem fazê-lo de mês para mês também subiu, de 4% em 2016 para 13% este ano. Ainda assim, poupar continua a ser difícil para perto de metade do total dos inquiridos (47%), que confessa que ainda não o consegue fazer. Para os que conseguem, os métodos preferidos são as contas à ordem (19%) e as contas a prazo (18%).
Mas como se consegue poupar no dia-a-dia? Os inquiridos que o conseguem fazer mantêm-se atentos a promoções (34%), usam cupões ou cartões de desconto na hora de pagar (10%) e optam por tomar o pequeno-almoço em casa (6%).
Continuamos a precisar de dicionários financeiros
Quanto ao conhecimento tanto das suas despesas como de termos do universo financeiro, o estudo do Observador Cetelem também trás boas-novas: 34% dos inquiridos revela que sabe precisamente quanto gasta o seu agregado familiar, enquanto apenas 25% afirmavam sabê-lo em 2016. Já 41% sabem com exatidão qual o rendimento mensal do seu agregado familiar.
Mas será que os portugueses ainda precisam de um dicionário para decifrarem o significado da maioria dos termos do campo financeiro? O estudo da Cetelem revela que sim, já que conceitos como revolving (12%), 3D Secure (12%) e MTIC (9%) são praticamente desconhecidos entre os inquiridos, em oposição ao conceito de juros, que é conhecido por 55% dos envolvidos no estudo. É pouco? É, mas ainda assim é o termo que registou a percentagem mais elevada. E mais: apesar deste resultado, 39% considera ter um bom nível de literacia financeira.
Um estudo anterior, encomendado pela Allianz, já dava conta de que Portugal ficava em penúltimo lugar na Europa, à frente da Itália e atrás de França, em termos de conhecimento do universo financeiro. Este segundo estudo da Celetem vem comprovar isso mesmo, ao mostrar como os portugueses continuam a considerar o seu conhecimento médio do ramo superior à realidade. Salvam-se os que consideram a formação na área importante (57%). Também são cada vez mais (de 48% em 2016 para 66%) os que consideram importante que, além deles próprios, os filhos também recebam formação nesta área.
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