Sindicatos da TAP entregam manifesto a Pedro Nuno Santos. Gestão da companhia repudia ataque à sua competência
Sindicatos voltaram a apontar erros de gestão da TAP e entregaram uma carta para o ministro das Infraestruturas. Ministério apela a sentido de responsabilidade e de compromisso.
Antes mesmo de arrancar a marcha silenciosa de protesto de vários sindicatos contra a administração da TAP, a comissão executiva divulgou esta manhã de terça-feira um comunicado onde “lamenta e repudia” os ataques de que tem sido alvo. Sindicatos voltaram a falar em erros de gestão, após terem sido recebidos no Ministério das Infraestruturas. Este apela ao “sentido de responsabilidade e compromisso”.
“A Comissão Executiva da TAP lamenta e repudia a constante tentativa de ataques à sua credibilidade e competência, os julgamentos de intenções e a cada vez mais frequente apresentação de “factoides” avulso, propositadamente descontextualizados, distorcidos e até, nalguns casos, completamente falsos, com que alguns sindicatos bombardeiam constantemente a comunicação social”, afirma o comunicado.
Pela primeira vez, pilotos, tripulantes de cabine e técnicos de manutenção de aeronaves participam num protesto conjunto na manhã desta terça-feira. Após a concentração no Campo Pequeno, dirigiram-se em marcha silenciosa para o Ministério das Infraestruturas e Habitação, para entregar um manifesto com as suas reivindicações a Pedro Nuno Santos.
Os representantes do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) e do Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA), que convocaram o protesto, foram recebidos no Ministério, mas não chegaram a reunir com o ministro.
À saída responderam a questões da comunicação social, transmitidas pelas televisões. “Aquilo que viemos entregar ao senhor ministro é o mesmo que vimos a alertar desde janeiro. Os erros de gestão, os aviões de carga que estão parados, pagar contrações externas para fazer serviços à TAP”, enumerou o presidente do SPAC, que agradeceu “a presença de mais de mil trabalhadores” no protesto, que “abdicaram das suas férias, das suas folgas, dos seus dias livres”.
“[Viemos] pedir ao senhor ministro que assuma que errou. Não vale a pena dizer que não errou, porque errou. Esta gestão não faz um único ato que nós conseguimos dizer que foi bom e que é o rumo certo para a TAP e temos dúvidas que o faça”, disse também Tiago Faria Lopes.
“Se o SNVAC e o SPAC não tivessem feito o acordo de emergência, o que é que teria feito a TAP com menos 750 tripulantes de cabine e 500 pilotos? Como é que a companhia teria sobrevivido? Tínhamos a tal ‘TAPezinha’ que o senhor ministro nunca quis, mas que afinal é o que temos”, afirmou outro dirigente sindical.
O Ministério das Infraestruturas também divulgou um comunicado onde afirma que “o plano de reestruturação está a ser executado com sucesso, mesmo num contexto internacional muito exigente, do ponto de vista económico e operacional”.
“O processo de redução de custos laborais na empresa resultou de acordos assinados com 14 organizações representativas dos trabalhadores, que demonstraram enorme sentido de responsabilidade e de compromisso com a recuperação da empresa”, assinala o Ministério liderado por Pedro Nuno Santos, que agora “conta com o mesmo sentido de responsabilidade e de compromisso por parte dos trabalhadores para transformar a TAP numa empresa rentável e sustentável no futuro”.
Os últimos meses têm sido marcados por uma crescente tensão crescente entre a TAP e as estruturas que representam os trabalhadores. Estas contestam a manutenção do cortes salariais perante a recuperação da atividade da empresa, que está entre 80% a 90% do que existia em 2019. Têm criticado também as decisões da gestão, nomeadamente o recurso a aeronaves em regime de ACMI (sigla em inglês para avião, tripulação, manutenção e seguro), a contração externa de serviços de manutenção e a intenção de mudar a sede da empresa.
A comissão executiva da TAP diz que serão as contas da companhia a falarem pelo seu trabalho. “A gestão de qualquer empresa é avaliada não por comunicados de imprensa sindicais, mas pelos resultados de gestão que apresenta, sendo esses resultados, ao contrário das afirmações produzidas por alguns sindicatos, auditados, verificados e validados pela tutela política e pelos diversos stakeholders“.
A transportadora aérea apresenta os resultados do segundo trimestre e primeiro semestre de 2022 no dia 23 de agosto. A TAP encerrou o primeiro trimestre com um prejuízo de 121,6 milhões de euros, uma melhoria de 66,7% face ao período homólogo.
No comunicado divulgado esta manhã, a TAP recorda que os sindicatos acordaram cortes salariais de 25%, “cumprindo a sua função de defesa dos trabalhadores e dos seus postos de trabalho”, assumindo assim um “compromisso que produz os seus efeitos até 2025, ano a partir do qual, cumprindo-se o plano de restruturação, a TAP estará finalmente em condições de repor os salários na íntegra“.
“Até lá, não pode ser feita tábua rasa dos acordos firmados, nem a sobrevivência da companhia poderia resistir se isso acontecesse, como facilmente se poderá compreender”, acrescenta. A companhia acrescenta que tem “reduzido custos em todas as áreas onde é possível” e que está a aumentar as receitas e a rentabilidade, mas assinala o impacto negativo do aumento dos custos com combustível e da valorização do dólar face ao euro.
A TAP diz manter a disponibilidade para negociar com os sindicatos, mas que “não dialoga com os sindicatos através de comunicados de imprensa ou de declarações públicas que possam gerar títulos de notícias”.
O presidente do SPAC reagiu ao comunicado da TAP nas declarações prestadas à saída do ministério. “A companhia acabou de o fazer agora. Respondeu a toda a gente através de um comunicado. Esta massa humana dá resposta a esse comunicado, ao mais alto nível“, afirmou.
(notícia atualizada às 12h10 com declarações dos sindicatos e comunicado do Ministério das Infraestruturas)
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