TAP espera que nova injeção de 990 milhões chegue no final do ano

CEO da TAP afirma que a empresa está a crescer acima das suas pares, mas está "cautelosamente otimista" sobre o futuro. Companhia contratou 430 tripulantes desde o início do ano.

A TAP espera ver entrar no capital os 990 milhões que ainda tem a receber do Estado no final do ano. A emissão de dívida nos mercados só vai acontecer na segunda metade de 2023. A CEO da TAP garante que a empresa está “acima do plano de restruturação” e a crescer acima das pares, no dia em que a companhia aérea apresentou os resultados do primeiro semestre.

“Estamos acima do plano de reestruturação.A recuperação das receitas e da rentabilidade estão a ter um bom desempenho. Isso é algo que nos deixa satisfeitos. Mas estamos cautelosamente otimistas”, afirmou a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Wineder, que alertou para as dificuldades que a empresa enfrenta no terceiro e quarto trimestres.

A CEO garantiu também que a empresa está a “crescer acima das pares”. Na apresentação divulgada ao mercado, a companhia assinala que as receitas duplicaram no segundo trimestre face ao período homólogo, mais do que o grupo IAG, a Air France/KPLM e a Lufthansa.

O administrador financeiro, Gonçalo Pires, afirmou que a TAP vai receber a última tranche de ajuda pública, no valor de 990 milhões, no final do ano. Pelo caminho fica o empréstimos de 360 milhões, com garantia do Estado, que chegou a estar previsto para este ano.

Na primeira metade de 2023 a TAP irá ao mercado, como prevê o plano acordado com Bruxelas, para refinanciar cerca de 700 milhões de euros de duas emissões que chegam à maturidade no próximo ano e em 2024. O responsável referiu também o efeito negativo da valorização do dólar no custo da dívida, uma vez que dois terços do endividamento da empresa estão na moeda norte-americana.

A TAP anunciou hoje que fechou os primeiros seis meses do ano com um prejuízo de 202,1 milhões de euros, menos de metade dos 493 milhões que tinha contabilizado no mesmo período de 2021. O resultado operacional foi positivo em 4,4 milhões. A forte recuperação da procura pelo transporte aéreo com o fim das restrições da pandemia permitiu um aumento de 938 milhões nas receitas para os 1.321,2 milhões.

Olhando apenas para o segundo trimestre, o resultado líquido foi negativo em 80,4 milhões, contra 128,1 milhões no período homólogo. Os rendimentos operacionais atingiram os 830,6 milhões, sendo praticamente idênticos (99%) aos registados entre abril e junho de 2019, antes da pandemia.

Os resultados mostram que o plano de recuperação é o plano certo para a companhia e a sua recuperação”, assinalou a CEO, garantindo que a TAP está “no caminho de atingir uma rentabilidade sustentável”. Os custos sem encargos com combustível ficaram 9% abaixo de 2019.

Ventos contrários para o segundo semestre

Em relação à segunda metade do ano, as perspetivas são mistas. A CEO da TAP enfatizou que “o nível de reservas para o segundo trimestre é forte”, mas a indústria continua a enfrentar alguns ventos contrários.

Um dos constrangimentos diz respeito à operação nos aeroportos. Só em agosto a TAP teve de cancelar 156 voos e remarcar 14 mil passagens. Christine Ourmières-Widener afirmou que a situação foi muito complexa em julho e estabilizou um pouco em agosto, mas que as perturbações deverão persistir. A empresa criou uma equipa multidisciplinar para gerir

A incerteza geopolítica e as suas ramificações ainda desconhecidas, o risco de recessão que começa a ser comentado por vários players no mercado, a inflação que pode ter impacto na procura e nos custos e a flutuação das taxas de câmbio foram outros factores apontados pela CEO.

Gonçalo Pires afirmou que espera que o preço do jet fuel se mantenha nos níveis atuais até ao final do ano. A fatura da TAP, que se cifrou em 409 milhões nos primeiros seis meses, deverá fechar o ano perto dos mil milhões, antecipou o administrador financeiro. O nível de cobertura (hedging) deverá situar-se perto dos 50%.

A CEO da TAP respondeu às críticas dos sindicatos, em particular da estrutura que representa os pilotos, que tem acusado a administração de ter uma gestão desastrosa. “Só se pode julgar a gestão pelos resultados que entrega e acho que hoje estamos a entregar bons resultados“, afirmou Christine Ourmières-Widener.

A responsável afirmou que a negociação dos novos acordos coletivos de trabalho, em substituição dos acordos de emergência que vigoram até final de 2024, será uma prioridade do segundo semestre. A TAP revelou que foram contratados 430 tripulantes para reforçar as equipas no verão.

A estratégia futura passará por focar a operação no hub do aeroporto de Lisboa e capturar os fluxos de viagens de longo curso, nomeadamente entre a Europa e o Brasil, a América do Sul e Central com a América do Norte, e a Europa e a América do Norte com África.

A TAP anunciou ainda o lançamento de um novo programa de stopover com duas paragens e mais dias de paragem e melhorias no programa de fidelização.

(Notícia atualizada às 12h20)

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