Sustentabilidade: por causa das pessoas

  • Ricardo Fortes da Costa
  • 3 Outubro 2022

Embora o trabalho híbrido e a liderança de equipas remotas seja os desafios mais discutidos, será o desafio da sustentabilidade que vai marcar decisivamente as nossas vidas e a das próximas gerações.

Na fase pós-pandemia muito se falou sobre os novos desafios que líderes e gestores de pessoas enfrentam, sendo o trabalho híbrido e a liderança de equipas remotas os desafios mais destacados e discutidos. Todavia, o desafio que considero que vai marcar decisivamente as nossas vidas e a das próximas gerações é o desafio da sustentabilidade.

Para tomarmos consciência do que está em jogo, recomendo vivamente que vejam o documentário “The Year Earth Changed”, feito por Sir Richard Attenborough em 2021, disponível na Netflix. Não há forma mais vibrante de mostrar como é cada vez mais frágil a linha que nos separa do Armagedão auto-infligido.

Por isso os desafios da sustentabilidade hoje não são apenas um tema politicamente correto ou uma trend das conversas sociais. São uma causa incontornável e um imperativo moral de todos nós, cidadãos. Não basta esperar que os dirigentes decidam o que é melhor para nós. É preciso que cada um contribua, que cada um dê o exemplo, que cada um seja mais exigente e interventivo.

Neste processo de evolução à escala global, a responsabilidade dos líderes e dos gestores de pessoas é acrescida. Temos um papel de modelação e influência no meio corporativo, nas empresas, no mundo laboral.

Quando olhamos para os 17 objetivos estratégicos para o desenvolvimento sustentável estabelecidos pelas Nações Unidas, raras serão as vezes em que pensamos o que podemos fazer para os ajudar a concretizar. Mas esses objetivos são de todos nós. E nós podemos fazer mais do imaginamos…

Quando pensamos por exemplo no 12.º e 13.º objetivos (produção e consumo responsáveis, defesa de um clima melhor), poderemos contribuir com iniciativas tão variadas como uma política de reciclagem nas empresas, eliminação de consumo de plásticos, campanhas de geração de ideias para otimização de recursos com gamification, entre outras.

Quando olhamos para os objetivos 3, 4 e 5 (bem-estar, educação e igualdade de género), ocorrem-nos muitas das políticas e melhores práticas de responsabilidade social e bem-estar, bem como de formação que temos procurado defender nas nossas organizações. A temática do trabalho flexível, ou mesmo as práticas de defesa da saúde mental têm de ser vistas como uma peça fundamental da sustentabilidade, pois um planeta mais saudável não se faz sem pessoas saudáveis. A sustentabilidade é uma causa das pessoas, por causa das pessoas e feita pelas pessoas.

Quando nos deparamos com o 8.º objetivo (crescimento económico e trabalho com dignidade) estamos a falar da essência da nossa missão como líderes e gestores de pessoas. A ideia de que o mundo tem de parar para o planeta ser salvo está errada. O mundo tem de continuar a girar e a economia a funcionar, mas de forma mais ágil, inovadora e com um consumo mais equilibrado de recursos. Significa trabalhar de forma diferente (e organizações a trabalhar por squads são disso exemplo), a ritmos diferentes (semana de 4 dias?), com sistemas meritocráticos “ecológicos” (em que o desempenho tem de passar a considerar a dimensão da sustentabilidade nos objetivos de negócio, por exemplo).

Muitos outros exemplos poderiam ser dados. A lista de possibilidades é quase infinita e está ao nosso alcance. Resta perguntar: e você? Como vai contribuir para um futuro sustentável?

  • Ricardo Fortes da Costa
  • Vice-presidente da APG

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