S&P mantém rating de Portugal no “lixo”

A agência S&P manteve esta sexta-feira a notação da República portuguesa, deixando estável a perspetiva para a dívida nacional. Vê economia a acelerar em 2017 antes de "moderar" até 2020.

A Standard & Poor’s manteve esta sexta-feira o rating de Portugal em BB+, um nível considerado “lixo”, deixando estável a perspetiva de evolução da notação portuguesa. A agência destaca o crescimento económico observado na segunda metade do ano passado, vê a economia a acelerar em 2017, mas salienta que o elevado endividamento e os problemas dos bancos continuam a impedir uma melhoria da notação da dívida portuguesa.

Para a agência, a “continuação da consolidação orçamental, a melhoria no perfil de maturidade da dívida pública e a política monetária acomodatícia do Banco Central Europeu (BCE)” ajudaram a sustentar a notação da dívida portuguesa. Ainda assim, Portugal falhou uma melhoria de rating por causa do elevado endividamento do setor público e privado e ainda por causa das fragilidades dos sistema bancário, “dificultando a transmissão de política monetária”, justificam os analistas.

O crescimento económico mais sólido observado na segunda metade do ano passado merece distinção da S&P, que vê a economia portuguesa a acelerar cerca de 1,6% em 2017, com o investimento a recuperar ao longo este ano. Até 2020, a tendência de crescimento será moderada, devendo apresentar taxas de 1,5% até 2020.

A economia está mais forte, graças ao efeito positivo das exportações, mas também do consumo interno. Um indicador que pode melhorar com o aumento do salário mínimo. No entanto, a agência deixa um alerta. A S&P diz, por um lado, que os aumentos consecutivos do ordenado mínimo — mais recentemente em 5,1% em janeiro deste ano — em conjunto com medidas adicionais para compensar custos adicionais para os empregadores, não diminuiu a competitividade dos bens e serviços portugueses. Mas, por outro, realça que “um aumento do salário mínimo pode diminuir o ritmo de contratações em algumas áreas da economia”.

Em relação ao défice orçamental, com o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) a publicar a primeira estimativa na próxima semana, a S&P indica que terá ficado à volta de 2% do PIB, em linha com o que tanto António Costa e Mário Centeno têm dito nas últimas semanas. Este ano, o défice deverá cair para 1,8% do PIB — acima dos 1,6% esperados pelo Governo.

Adianta ainda que poderá subir o rating se observar:

  • Implementação de medidas que ajudem a reduzir de forma substancial os ativos problemáticos do sistema bancário e melhorem a transmissão da política monetária;
  • Melhoria acentuada nas perspetivas de crescimento, acima das expectativas da S&P;
  • Aceleração do ritmo de redução da dívida externa e das necessidades de financiamento;
  • Continuação da consolidação orçamental que coloque o saldo orçamental em terreno positivo ou baixe dívida pública abaixo de 100% do PIB.

Em sentido contrário, se a economia claudicar, se Portugal perder acesso aos mercados de financiamento internacionais ou se houver desvios substanciais e negativos na posição orçamental, a S&P poderá baixar ainda mais o rating nacional.

A decisão de manter tudo como estava já era esperada pelos analistas que, porém, sublinharam a importância dos avisos da S&P em relação a Portugal na medida em que a agência canadiana DBRS, que mantém o país qualificado para o programa de compras do BCE, prevê atualizar a notação portuguesa já no próximo dia 21 de abril.

(Notícia atualizada às 17h48)

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