Portugal vs. OCDE? A resposta em cinco gráficos

Investimento público, barreiras ao empreendedorismo, desigualdade salarial e risco de ser despedido são alguns dos indicadores analisados. Portugal nem sempre compara mal com os países da OCDE.

A OCDE reúne os países mais desenvolvidos do mundo. Portugal é um deles. No relatório que divulgou esta sexta-feira, a OCDE reúne vários gráficos onde, por comparação, evidencia o lugar que Portugal tem entre os mais desenvolvidos em várias áreas. Por exemplo: sabia que Portugal tem um dos mais altos subsídios de desemprego em comparação com o salário de um trabalhador? A prestação de desemprego corresponde, em média, a quase 80% do rendimento.

1. Investimento público no grupo dos piores

OCDE
Investimento público em percentagem do Produto Interno Bruto entre 2010 e 2015.OCDE

Entre 2005 e 2010, o investimento público português em percentagem do PIB era de 4%. Nos cinco anos seguintes, o valor desceu um ponto percentual para pouco menos de 3%. O número fica abaixo da média dos países da OCDE, mas também da União Europeia. Os valores mais altos registam-se na Estónia, Polónia e Coreia. A Grécia, país ainda sob resgaste da troika, registou um valor superior a Portugal.

Outro gráfico relacionado refere que em Portugal, em 2015, o investimento público foi 2% inferior ao registado entre 2000 e 2007, segundo os dados da OCDE. Entre os países que figuram no gráfico, Portugal tinha o pior registo, seguido pela Islândia e Espanha.

2. Barreiras ao empreendedorismo? Portugal é exemplo

Grau de complexidade dos procedimentos administrativos para startups.OCDE

No capítulo sobre as barreiras ao empreendedorismo, a OCDE avaliou a complexidade dos procedimentos regulatórios. E Portugal é o país que melhor figura, seguindo-se a Eslovénia, a Itália, a Hungria e a Áustria. Do outro lado da tabela está a Índia, a Argentina e o Brasil. Ou seja, os procedimentos para as startups que queiram estar em Portugal são menos restritivos do que os que existem em países naturalmente empreendedores como os Estados Unidos, a Irlanda ou a Alemanha.

3. Portugal no grupo dos que têm maior desigualdade salarial

Percentagens das diferenças nestes países entre os rendimentos baixos e os rendimentos mais altos. Números de 2013.

A diferença entre quem ganha mais e quem ganha menos em Portugal é das piores entre os países da OCDE. As diferenças entre os rendimentos dos portugueses estão ao nível do que acontece na Grécia, no Reino Unido e em Espanha, por exemplo, mas ainda longe da colossal desigualdade salarial que existe no Chile, México, Turquia e Estados Unidos. E em que países as diferenças estão mais esbatidas? Temos de olhar para os países nórdicos: a Islândia é onde a diferença é menor, seguida da Noruega e da Dinamarca.

Nota: O gráfico relaciona o coeficiente de Gini (um indicador da desigualdade existente) com o rendimento disponível. Os números dos gráficos comparam, em percentagem, os salários mais baixos com os salários mais altos da distribuição estatística.

4. O risco de ser despedido

Risco de ficar desempregado nos vários países da OCDE. Dados de 2013.Fonte: OCDE

Tem medo de ser despedido? Só se viver na Grécia, Espanha e Itália é que estaria numa pior posição do que em Portugal. São estes os quatro países onde existe um mercado laboral mais inseguro. Contudo, o caso de Portugal e Itália é diferente do da Grécia e Espanha onde a insegurança vai para lá dos 25%, muito superior à média da OCDE que ronda 5%. O risco de um português ser despedido é superior ao de um italiano, mas ainda assim continua a ser inferior ao de um espanhol ou um grego. Se quiser maior segurança, tem de olhar novamente para o norte da Europa: Islândia e Noruega são os países com um mercado laboral mais seguro.

5. Estar empregado vs. estar desempregado

A relação entre o rendimento do subsídio de desemprego e o rendimento enquanto empregado nos países da OCDE. Dados de 2014.OCDE

Portugal é um dos países onde não existe tanta diferença salarial entre estar desempregado ou estar empregado, segundo os exemplos usados pela OCDE. O cálculo é feito a partir da comparação de rendimentos quando se está empregado ou desempregado — o rendimento como desempregado em percentagem do rendimento de quando se é empregado é maior. Os dados relativos a 2014 referem, ainda assim, países onde essa percentagem é ainda maior: é o caso do Luxemburgo, por exemplo, e de Israel, Dinamarca, Finlândia e Eslovénia. Os países onde essa percentagem é menor são a Grécia, a Coreia do Sul, a Austrália, a Turquia e os Estados Unidos da América. Significa assim que nestes países é mais vantajoso, do ponto de vista salarial, estar empregado do que desempregado, em comparação com os países anteriormente referidos.

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