Depois da OCDE é a vez de Dombrovskis alertar para o malparado da banca

  • ECO e Lusa
  • 7 Fevereiro 2017

OCDE, Comissão Europeia e agências de rating têm uma preocupação comum: o malparado da banca. Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia defende uma ação coordenada para combater o problema.

Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia© European Union , 2017 / EC - Audiovisual Service

O malparado da banca europeia está na ordem do dia e é uma das preocupações das instituições europeias e mundiais. Ontem foi a OCDE, hoje é a Moodys e a Comissão Europeia, a semana passada a Fitch. Todos têm uma preocupação comum, o malparado da banca.

O vice-presidente da Comissão Europeia para o euro, Valdis Dombrovskis, surgiu hoje a defender que deve ser adotada uma ação coordenada para combater o problema da elevada quantidade de crédito malparado acumulado nos bancos europeus.

Estas declarações surgem depois de ser conhecido o relatório da OCDE a alertar para o fato do setor financeiro continuar a braços com um peso grande de malparado.

“Precisamos de um enfoque coordenado, ao nível europeu, para tratar dos empréstimos falidos”, disse Dombrovskis durante uma conferência sobre serviços financeiros em Bruxelas, citado pela agência Efe.

"Precisamos de um enfoque coordenado, ao nível europeu, para tratar dos empréstimos falidos”

Dombrovskis

Vice-presidente da Comissão Europeia

O vice-presidente comunitário, que tem igualmente a seu cargo a carteira de serviços financeiros, defendeu ser necessária uma “ação significativa, decidida e coordenada para acelerar a limpeza dos balanços” dos bancos.

Ainda segundo o relatório da OCDE, mais de 12% do crédito concedido estava vencido no final do segundo trimestre de 2016. O que leva a OCDE a dizer que isto prejudica a saúde do sistema financeiro e compromete a capacidade de financiar investimentos.

Uma realidade que não escapou também a Dombrovskis. Este responsável recordou que a elevada acumulação de malparado — com um elevado risco de incobráveis — é um dos desafios “pendentes” do setor bancário europeu e, apesar de ser uma situação particular de alguns dos Estados-membros, “acaba por afetar o setor e a economia europeia em geral”.

Dombrovskis sinalizou também que a Comissão está a trabalhar em propostas para “proporcionar um mercado secundário para estes [empréstimos]” e a verificar “como poderia funcionar a nível europeu”.

Na semana passada, a Autoridade Bancária Europeia propôs a criação de um gestor comum para solucionar o malparado da banca europeia.

O diretor do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), Klaus Regling, mostrou-se favorável à ideia. No entanto, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, alertou que estas estruturas, conhecidas como “bancos maus”, são muito complexas para gerir.

Moody’s e Fitch também apontam o dedo ao malparado

Mas estas não foram as únicas instituições a falar do malparado da banca. Já esta manhã, numa conferência realizada em Lisboa, a Moody’s falou nas fragilidades dos bancos, tendo destacado que quer Itália, quer Portugal surgem como os países onde o malparado no total de empréstimos concedidos permanecia elevado no segundo trimestre de 2016.

De resto, também a Fitch, que na passada sexta-feira anunciou que mantinha o ‘rating’ de Portugal na categoria de “lixo” com perspetiva estável, se mostrou preocupada com o sistema financeiro português. A agência considera mesmo como “incerteza recorrente” a exposição da República aos desenvolvimentos do setor, como sejam a venda do Novo Banco e a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos.

A Fitch considera que um problema adicional no setor financeiro que venha a exigir “um apoio financeiro substancial do Estado” poderá mesmo resultar numa revisão em baixa do ‘rating’ português. Deixando ainda um alerta para a qualidade dos ativos na banca, que “permanece fraca” com o crédito malparado nos 12,6% no terceiro trimestre de 2016.

 

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