Incerteza e inflação podem pressionar lucros e ativos da banca portuguesa, alerta DBRS
Os resultados da banca portuguesa tiveram uma evolução positiva na primeira metade do ano, mas alguns fatores, como a inflação, apresentam-se como riscos ao desempenho.
A banca portuguesa conseguiu resistir às moratórias, tanto que o resultado líquido dos maiores bancos portugueses quase duplicou em relação ao mesmo período de 2021. Mesmo assim, a incerteza e o cenário macroeconómico, numa altura de elevada inflação, devem colocar pressão sobre a lucratividade futura e a qualidade dos ativos, alerta a DBRS.
Numa análise à banca portuguesa, a agência conclui que as maiores receitas e menores despesas com provisionamento e imparidade impulsionaram os ganhos no primeiro semestre. Os bancos reportaram um lucro líquido agregado de 1.293 milhões de euros, acima dos 678 milhões registados no primeiro semestre de 2021.
A receita de taxas e comissões aumentou 12% face ao ano anterior, “com um desempenho sólido em toda a linha refletindo a progressiva normalização das atividades económicas pós pandemia”. Já o stock de crédito malparado (NPL, non-performing loans) “continuou a diminuir trimestre a trimestre e ano a ano, uma vez que a qualidade dos ativos permaneceu em grande parte resiliente após a liquidação das moratórias”, notam.
A DBRS projeta que, a curto prazo, o stock de NPL poderá continuar a diminuir, embora a um ritmo mais lento, ou estabilizar. Contudo, a persistente uma pressão inflacionista e os altos custos de energia vão aumentar o stress dos devedores e aumentar os riscos de qualidade dos ativos no médio prazo, avisam.
Quanto às condições de captação e liquidez, estas “permaneceram adequadas”, sinaliza a DBRS no relatório que analisa a Caixa Geral de Depósitos, Banco Comercial Português (BCP), Novo Banco, Caixa Económica Montepio, BPI, e o Santander Totta, referindo no entanto que “a recente volatilidade do mercado está a contribuir para o aumento dos custos de refinanciamento no mercado grossista“.
Olhando assim para o cenário geral, apesar da primeira metade do ano ter sido positiva para a banca portuguesa, “a crescente incerteza e o ambiente macroeconómico mais desafiador devido aos altos preços da energia e à pressão inflacionária persistente provavelmente pressionarão a lucratividade futura e a qualidade dos ativos”, lê-se no relatório da agência de notação financeira canadiana.
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