Guerra faz disparar preços dos alimentos. Óleo sobe 36%, carne de aves 25%
O óleo alimentar e a carne de aves registaram as maiores variações de preços nos produtos alimentares desde fevereiro, segundo dados do INE. Preços da fruta subiram 13,7% nos últimos seis meses.
O índice de preços começou a subir ainda no ano passado, mas tem vindo a acentuar-se sobretudo desde o início da guerra na Ucrânia. Esta segunda-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que a inflação em agosto atingiu os 8,9%, com os produtos alimentares entre os principais contributos para esse valor. Neste segmento, destacam-se os preços da carne de aves e dos óleos alimentares, que tiveram uma variação, respetivamente, de 25,1% e 36,2% entre fevereiro e agosto.
Segundo o gabinete de estatísticas, o subgrupo de óleos e gorduras registou “aumentos relevantes a partir de março”, atingindo máximos em maio. A variação deste segmento desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro, foi, até agosto de 22,9%, sendo de realçar o comportamento dos preços dos óleos alimentares, que registaram a maior variação no mesmo período — nomeadamente, de 36,2%.
Preço dos alimentos a subir (fevereiro = 100)
Ainda assim, o contributo dos óleos e gorduras para o índice de preços entre fevereiro e agosto foi o mais baixo entre os seis subgrupos analisados pelo INE relativamente aos produtos alimentares, totalizando 0,229 pontos percentuais. O contributo dos óleos alimentares para a variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC) no período em análise foi de 0,176 pontos percentuais.
Esses valores devem-se ao ponderador – cuja principal referência para o seu cálculo é a despesa monetária de consumo final das famílias – “relativamente reduzido” da categoria de óleos e gorduras (0,9%), que limita o impacto da sua variação no total do IPC, aponta o INE.
Apesar de um “impacto mais tardio e menos intenso” em relação aos óleos e gorduras, há outros segmentos a destacar nos preços dos produtos alimentares durante os últimos seis meses. Com uma variação de 16,7%, os preços da carne registaram o segundo maior aumento desde o início do conflito, em particular a carne de aves (25,1%) e a carne de porco (23,4%).
Além disso, a carne foi o produto alimentar que mais contribuiu para a variação do índice de preços desde fevereiro, num total de 0,685 pontos percentuais, dos quais 0,237 pontos percentuais são atribuídos à carne de aves e 0,202 pontos percentuais à carne de porco, indica o INE.
Já os preços das frutas até começaram por diminuir, mas a partir de março registaram aumentos significativos, apresentando uma subida de 13,7% entre fevereiro e agosto e contribuindo com 0,289 pontos percentuais para a variação do IPC. Neste subgrupo, destaca-se especialmente a fruta fresca e frigorificada, que aumentou 14,4% e cujo contributo fixou-se em 0,268 pontos percentuais.
O gabinete de estatísticas menciona também o aumento de 10,7% no segmento do pão e cereais, com destaque para os outros produtos de padaria, bolachas e biscoitos (12,5%) e para o pão (8,8%). Entre os produtos alimentares, este foi o segundo subgrupo que mais contribuiu para o índice de preços – 0,457 pontos percentuais. Aqui, 0,187 pontos percentuais são atribuídos a outros produtos de padaria, bolachas e biscoitos e 0,177 pontos percentuais ao pão.
Por fim, os setores do leite, queijo e ovos e do peixe registaram uma variação de preços de 10,3% e de 8,7%, respetivamente, no período em análise. Quanto ao primeiro subgrupo, destacam-se os preços do queijo e requeijão (11,3%) e do leite magro de vaca (17%), enquanto o custo do peixe fresco ou frigorificado subiu 9,9% nos últimos seis meses.
Embora a variação dos preços do leite tenha sido mais alta face ao peixe, este último (0,300 pontos percentuais) contribuiu mais para a variação do IPC do que o setor do leite, queijo e ovos (0,249 pontos percentuais). Ainda de acordo com os cálculos do INE, o peixe fresco e frigorificado teve um contributo de 0,133 pontos percentuais desde o início da guerra, o queijo e requeijão contribuíram com 0,086 pontos percentuais e o leite magro de vaca com 0,084 pontos percentuais.
Juntando aos produtos alimentares os agregados de serviços de alojamento, eletricidade, transportes aéreos de passageiros, restaurantes, cafés e estabelecimentos similares e combustíveis e lubrificantes, o contributo para a variação total do IPC entre fevereiro e agosto, que se fixou em 6,3%, foi de 4,7 pontos percentuais.
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