Novas instalações da TAP sem infantário e parqueamento para todos, diz Sindicato
Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos defende saída temporária das atuais instalações para realização de obras. Trabalhadores regressariam ao fim de cinco anos.
As futuras instalações da TAP não terão infantário, o refeitório será bem mais reduzido e sem condições para preparação de refeições quentes. Também não haverá parqueamento para todos os trabalhadores. É o que antecipa o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), que está em conversações sobre o tema com a administração da TAP.
A companhia aérea vai deixar as instalações no chamado “Reduto TAP”, junto ao aeroporto de Lisboa. Vai mudar-se para o Edifício Báltico, no Parque das Nações, onde estão atualmente os CTT, como noticiou o ECO. Uma decisão que é contestada pelos sindicatos, que não querem perder as regalias que têm nas atuais instalações. Ainda que as conversações ainda não estejam fechadas, Paulo Duarte, presidente do SITAVA, já assume que as condições não serão as mesmas.
“Vai acabar o infantário”, afirma, taxativo, o responsável sindical. Relata que este será o último ano letivo e que já não foi possível inscrever novas crianças. A estrutura é a única que está aberta 24 horas por dia, 365 dias por ano, de forma a se ajustar aos horários de tripulantes, pilotos e outros profissionais.
O refeitório da TAP, que atualmente tem capacidade para acolher cerca de mil trabalhadores e serve desde pequenos-almoços a ceias com um custo muito baixo, deverá ser substancialmente mais pequeno no novo edifício. “Prevejo que seja para 200 ou 300 pessoas”, diz Paulo Duarte. Além disso, no novo edifício “não há condições para a confeção de comida quente”.
A atual cantina não irá, no entanto, desaparecer. Continuará a ser utilizada pelo pessoal da Manutenção e Engenharia, cujos edifícios e hangares se mantêm no local. Só mecânicos a TAP tem cerca de mil.
Nas instalações do Parque das Nações também não haverá estacionamento para todos, uma das questões que mais preocupa os trabalhadores. “O edifício não tem 1.400 lugares de estacionamento”, assevera.
Estas preocupações surgiram logo que a comissão executiva da TAP comunicou à comissão de trabalhadores (CT) a intenção de sair do reduto junto ao aeroporto, no final de abril. A decisão foi justificada com o mau estado das instalações, a necessitarem de “obras estruturais” com um custo estimado de 50 milhões de euros.
Mudança sim, mas temporária
Paulo Duarte diz que o SITAVA não está contra a mudança, desde que seja temporária. “Não há nenhuma questão ideológica. Estamos de acordo que as instalações não têm as condições ideais, técnicas e de conforto. Faz sentido sair, mas de forma provisória, durante cinco anos. Recuperar o que for necessário, adequar as instalações e depois regressar“, defende.
“A posição da TAP é sair de forma definitiva”, diz, apontando que o contrato para o novo edifício deverá ser de dez anos. Em saindo, “queremos ver cumpridos e respeitados os direitos que os trabalhadores têm nas atuais instalações”, afirma o dirigente sindical.
Numa entrevista dada ao ECO no final de agosto, a presidente executiva da TAP afirmou que o contrato com o proprietário do novo edifício não estava ainda assinado e que não estava fechada a estrutura do projeto. “Há questões a que temos de responder, como os benefícios que os trabalhadores têm aqui e que querem ver no novo edifício”, explicou na altura a responsável. Questionada sobre se os benefícios incluem o parqueamento, a cantina e a creche, respondeu que “todos esses assuntos estão a ser trabalhados”. “Em setembro devemos conseguir dar todas as respostas”, acrescentou.
Confirmada está a decisão de sair e a vontade de que o Reduto TAP, que ocupa uma área de 22,45 hectares junto ao aeroporto Humberto Delgado, contribua para melhorar as contas da companhia aérea. “Teremos de tentar monetizar o máximo possível. Temos de ver quais são as opções. Monetizar pode ser vender, pode ser desenvolver um projeto imobiliário”, afirmou Christine Ourmiéres-Widener na mesma entrevista.
Algo com que o SITAVA está contra. “Sair para se vender o património e pagar a dívida, isso é que não. O core business da TAP é vender bilhetes de avião, não imobiliário”, afirma Paulo Duarte. “Achamos que é um erro que a TAP vai cometer e depois quem é penalizado são os trabalhadores“, conclui.
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