Consórcio internacional prepara candidatura ao leilão eólico offshore português em 2023
Joint venture espanhola e irlandesa quer instalar até 2GW de potência em Portugal e Espanha nos próximos anos. Primeiros projetos serão apresentados em breve, mas o foco primário é o leilão eólico.
Portugal e Espanha têm um novo player no mercado das energias eólicas flutuantes. O consórcio IberBlue Wind anunciou, esta segunda-feira, a entrada a nível nacional sob a promessa de aumentar a capacidade de geração de energia através de parques eólicos flutuantes na Península Ibérica e marcar presença no leilão de eólica offshore que o Governo promete lançar no próximo ano.
Graças à parceria nascida entre duas empresas espanholas, Proes Consultores e New Energy Ventures, e uma irlandesa, Simply Blue Group, a IberBlue Wind garante ter a capacidade de assumir todas as fases de desenvolvimento de parques eólicos offshore e promete instalar parques eólicos, cada um com mais de 500 megawatts (MW) de potência instalada, em pelo menos quatro localizações. Cada infraestrutura custará três mil milhões de euros e prevê-se que o ciclo de vida atinja os 30 anos. O objetivo é atingir os dois gigawatts (GW) de energia eólica offshore em Portugal e Espanha, numa altura em que o Governo se prepara para lançar um leilão em 2023 com uma capacidade de até dez GW — o dobro da capacidade de 5,6 GW que Portugal dispõe hoje. A IberBlue Wind junta-se assim ao consórcio EDP/Engie, a espanhola Iberdrola, a dinamarquesa Orsted que já manifestaram interesse em disputar espaço por eólicas no mar, em Portugal.
“Queremos ser líderes no mercado espanhol e português”, garantiu Adrian de Andrés, vice presidente da IberBlue Wind, esta segunda-feira, em Madrid, acrescentando que a aposta irá permitir a criação de vários postos de trabalho diretos e indiretos. De momento, a equipa é composta por dez pessoas, mas pretendem chegar às 50 assim que avançarem com a fase de desenvolvimento.
Em Portugal, os primeiros dois projetos vão nascer no Centro e Norte, uma vez que estas duas localidades têm um elevado potencial de recurso eólico, boas infraestruturas e recursos humanos, considerados por Adrian, “muito bons”. Nos próximos meses serão apresentados projetos específicos, garante o responsável. Quanto à região sul do país, o vice presidente da IberBlueWind referiu em reposta ao ECO/Capital Verde que Sines é uma zona com “enorme potencial” dada a infraestrutura instalada no porto, e que irá ser estudada nas seguintes fases de expansão. Já o Algarve não deverá contar com uma infraestrutura da IberBlue Wind tão cedo dada a fraca capacidade eólica e a situação turística. Apesar de reconhecer que expansão será “mais difícil”, Adrian de Andrés não descarta a instalação de uma infraestrutura naquela região.
Durante o debate que se seguiu à apresentação do projeto, António Sarmento, presidente do WavEC Offshore Renewables, referiu que em Sagres existe um “recurso eólico enorme muito forte mas é difícil encontrar áreas adequadas” para a instalação destes parques flutuantes, uma vez que os “corredores marítimos estão muito cercados de terra” e a rede elétrica é, também ela, “muito fraca”. Já em Sines, apesar de as condições serem “muito boas por causa do porto”, da profundidade da água e da rede elétrica, graças ao encerramento da central térmica, “o recurso não é muito forte”. “Do ponto de vista económico pode ser menos interessante”, acrescentou.
Por sua vez, em Espanha, a empresa pretende arrancar com as operações na Andaluzia, onde aspira liderar o avanço da energia eólica offshore flutuante como novo motor económico para a região; e na Galiza, uma das comunidades consideradas pelo consórcio com maior projeção neste tipo de energia renovável.
Mercado ibérico tem “enorme potencial” em matéria de eólica marítima flutuante
O interesse pela aposta no mercado ibérico prende-se com o “enorme potencial existente”, diz Adrian, referindo que Portugal é o quarto país do mundo com a maior incorporação de energias renováveis no consumo de eletricidade, tendo a energia eólica representando, no ano passado, 26% do consumo total.
A expectativa para os resultados corresponderem às expectativas são altas, dado que para o responsável, a “altura para investir na energia azul é agora”. Um exemplo dessa aposta foi dado em Viana do Castelo, com o lançamento do Windfloat Atlantic, da EDP e da Engie, que está operacional desde 2020. Estas infraestruturas, contam com plataformas triangulares com 80 metros de cada lado – um modelo que será reproduzido nos restantes quatro projetos em Portugal e Espanha pela IberBlue Wind.
E apesar dos desafios, nomeadamente, a nível da regulação por falta de procedimentos para o leilão destes direitos de exploração, o vice presidente garante que o consórcio está preparado para as exigências. “A experiencia destas três empresas é complementar. O conhecimento e experiência a nível internacional, vai garantir competências para todas as fases de desenvolvimento de um parque eólico”, frisou o responsável na conferência de imprensa.
A irlandesa Simply Blue Group, fundada em 2011, conta com uma vasta experiência no desenvolvimento e gestão de parques eólicos offshore no Reino Unido, Irlanda, Escócia, EUA e Suécia, com um pipeline de projetos superior a dez GW. Por sua vez, a Proes Consultores, divisão especializada em engenharia e arquitetura do Grupo Amper e dona também da filial Nervion Offshore, irá contribuir com a experiência a nível da construção e montagem de parques eólicos offshore. E, por fim, a FF New Energy Ventures, conta com um portefólio de de dois GW de projetos eólicos fotovoltaicos e onshore em Espanha e Portugal. “Com estas três empresas garantimos experiência em todas as frentes. Este é o momento adequado de pisar no acelerador e por valor em todo o conhecimento que temos”, sublinhou Adrian Andrés.
(A jornalista viajou até Madrid, Espanha a convite da IberBlue Wind)
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