Consumidores esticam orçamento com produtos mais baratos

Economista sénior da Mastercard vê indícios de que os consumidores portugueses estão a recorrer mais a produtos "regulares" e de marca branca para continuar a financiar "experiências".

Os consumidores portugueses estão a gastar mais em bens essenciais, mas os hábitos de consumo estão novamente a mudar, no contexto da inflação e da guerra, depois do impacto da pandemia e dos confinamentos.

Segundo Natalia Lechmanova, economista sénior da Mastercard, os dados recolhidos pela empresa de pagamentos permitem concluir que, na hora de comprar, os consumidores estão a dar preferência a produtos “regulares” e de marca branca, ao invés de produtos biológicos e de marca.

Face a isso, a responsável do Mastercard Economics Institute para a região da Europa, Médio Oriente e África acredita que os consumidores portugueses estão a financiar “experiências” com a poupança conseguida na escolha de produtos mais baratos. Os dados da Mastercard mostram que a despesa dos consumidores com “experiências”, em detrimento de “coisas”, está a acelerar, fixando-se já acima do período pré-pandemia.

Durante o evento anual Mastercard Innovation Forum, que decorre esta terça-feira em Lisboa, a economista explicou também como é que a inflação tem vindo a atingir os valores históricos dos últimos meses, com evoluções do Índice de Preços no Consumidor (IPC) próximas dos 10% em termos homólogos.

Falando numa conjugação rara de fenómenos, a especialista começou por apontar para as pressões na cadeia de abastecimento, que atingiram um pico em dezembro de 2021, propaladas por uma alteração súbita e massiva do consumo, de serviços para bens. Os desconfinamentos levaram o consumo de volta aos serviços.

Natalia Lechmanova notou, depois, que o desemprego está em mínimos na Zona Euro, o que tem um efeito psicológico nos consumidores: “Eles acreditam que os seus empregos estão seguros e isso permite-lhes aceder às poupanças e usar cartões de créditos.”

Mas a situação é frágil e o sentimento económico deverá mudar, à medida que os bancos centrais vão acelerando a subida das taxas de juro — na prática, aumentando o preço do dinheiro. “Os indicadores de consumo continuam fortes, mas vão eventualmente aliviar, à medida que os juros impactam a economia”, escreveu a economista numa apresentação.

No início de setembro, o Banco Central Europeu subiu os juros diretores em 75 pontos base, depois de, em julho, ter tirado as taxas de terreno negativo, com uma subida de 50 pontos base. Esta semana, a Fed americana deverá anunciar também outra subida dos juros na maior economia do mundo.

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