BRANDS' CAPITAL VERDE Prelúdio da COP 27 – Esta semana em Nova Iorque…
Num momento particularmente de incerteza, espera-se que a reflexão da Semana do Clima contribua para consolidar a (necessária!) pressão em temas que serão … alvo das negociações climáticas da COP27.
A Cidade de Nova Iorque volta a receber, até ao dia 25 de setembro, a Semana do Clima de Nova Iorque (Climate Week NYC 2022). Este evento, organizado pela Climate Group (organização não governamental internacional), em conjunto com a Assembleia Geral das Nações Unidas (UNGA) e a Cidade de Nova Iorque, configura uma das mais importantes plataformas de showcasing de ação climática.
À semelhança das edições anteriores, o evento pretende reunir líderes mundiais do setor privado, governos, academia, mundo artístico, jovens ativistas, especialistas e sociedade civil, e procura trazer para discussão o catapultar e acelerar a ação climática. A Climate Week NYC 2022 constitui a oportunidade de reunir a comunidade climática em conjunto com a Assembleia Geral das Nações Unidas — que decorre desde o passado dia 13 de setembro — e a Cidade de Nova Iorque, antecipando a 27ª edição da cimeira anual do clima das Nações Unidas (COP27), que decorrerá já em novembro, no Egito.
Getting it Done é o mote da 14.ª Semana do Clima, tornando, assim, evidente a premência do tópico que está em cima da mesa: Como passar à ação os compromissos climáticos até agora assumidos?
Nesta edição, a agenda contempla dez temas principais, designadamente: edifícios, energia, justiça ambiental, transporte, financiamento, sustainable living, biodiversidade, políticas, indústria e alimentação. No total, está prevista a realização de mais de 500 eventos, a decorrer em Nova Iorque e um pouco por todo o mundo, em formato presencial, e com a possibilidade de transmissão online de algumas das sessões.
Perante a atual instabilidade geopolítica, pautada por preocupações de segurança energética e um aumento substantivo dos custos de energia — veja-se a espiral de preços do gás —, a Semana do Clima procurará posicionar o tema das alterações climáticas no contexto atual e o desafio que enfrentamos. Sem surpresas, a Cerimónia de Abertura da Semana irá explorar os domínios da segurança global, clima e os desafios interligados que se colocam.
A Semana do Clima será ainda palco do The Hub Live, iniciativa que visa constituir um espaço de colaboração, conectividade e resolução coletiva dos mais recentes desafios climáticos, com a participação de mais de 1 000 líderes e decision makers.
Dos tópicos em discussão, há, pelo menos, três que se destacam pela sua relevância, nomeadamente:
- Urgência Climática | Depois de 2021 ter sido declarado como um ano decisivo na ação climática, 2022 iniciou-se com os riscos climáticos a liderar o topo das preocupações globais mais urgentes. Conforme, aliás, assinalamos num artigo em abril passado “O urgente, mais do que nunca, torna-se inadiável”. Num contexto em que urge reduzir para metade as emissões até 2030, naturalmente, a urgência climática será um dos alvos de debate.
- Accountability | Paralelamente, as atenções estarão viradas para a questão da responsabilização perante os compromissos assumidos. Tipicamente, eventos de projeção mundial, como a Semana do Clima e a Cimeira do Clima das Nações Unidas (as COP), são palco de múltiplos anúncios de compromissos climáticos. Importa, contudo, assegurar o acompanhamento do progresso face aos compromissos, através da monitorização da efetiva contribuição de estratégias e ações. Só assim será possível aferir em que domínios setoriais se deverão aumentar os esforços climáticos, de forma a garantir uma trajetória com vista ao objetivo global de 1,5ºC.
- Justiça Climática | Enquanto salvaguarda fundamental para que a transição para uma economia de baixo carbono seja, entre outros, socialmente justa e inclusiva. A justiça climática constitui um dos três pilares principais do programa do evento, permitindo esperar algum otimismo sobre os debates preconizados em torno da temática. Particularmente, é expectável que a discussão se centre à volta da integração da justiça climática com outros desafios de justiça social, assim como dos impactes climáticos, e dos refugiados climáticos.
Num momento particularmente de incerteza, espera-se que de Nova Iorque haja lugar à reflexão e avaliação da atual ação climática, com a certeza, porém, de que qualquer que seja o resultado da Semana do Clima — lições aprendidas e melhores práticas disseminadas, relações estabelecidas e novos compromissos —, este irá, certamente, contribuir para consolidar a (necessária!) pressão em temas que serão, à partida, alvo das negociações climáticas da COP27.
Texto por Beatriz Varela Pinto, Manager EY, Climate Change and Sustainability Services, e pela Norma Franco, Senior Manager EY, Climate Change and Sustainability Services
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