Empresários pedem política fiscal “eficiente, simplificada e agressiva”
Empresas alertam para as dificuldades que o disparo dos preços da energia está a causar na atividade. Margens de lucro estão, neste momento, "quase em zero".
O disparo dos preços da energia continua a ser cada vez mais penalizador para as empresas, que dizem estar a lidar com margens de lucro “quase em zero”. Os empresários pedem, assim, mais apoio por parte do Estado, nomeadamente “medidas mais criativas” no curto prazo e uma política fiscal “eficiente, simplificada e agressiva” a médio e longo prazo para fomentar o crescimento da atividade.
Há dois anos, a fatura da energia tinha um “impacto de 5% a 6% na faturação” da Fitecom. Em julho, esse peso disparou para a casa dos 20%, com a empresa a estimar que, em setembro, chegue perto dos 25%. Os custos da energia são “algo impossível de suportar mantendo as mesmas margens de lucro” que, “neste momento, estão quase em zero”, disse o CEO João Carvalho, durante a conferência “Encontro Fora da Caixa”, organizada esta segunda-feira pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), em parceria com o ECO.
Luís Veiga, administrador executivo da Natura IMB Hotels, completa que, “a manter-se esta situação, com o preço da energia e a especulação”, as empresas “vão deixar de pagar a TSU”. “É impossível a qualquer empresa, neste momento, que tenha os custos de energia elevados, pagar os valores que se estão a pagar” atualmente, acrescenta o responsável hoteleiro.
“Hoje estamos a pagar mais de energia do que de encargos com pessoal”, diz Luís Veiga. “Se fizéssemos um business plan com os valores de energia atuais, ninguém avançava para um projeto de investimento”, nota. Por isso, o responsável sublinha que “tem de haver, imediatamente, medidas criativas por parte do Governo”, sob pena de a economia se “delapidar”. Recorde-se que a hotelaria não é abrangida pelos apoios às empresas intensivas em gás, nem para os apoios de 100 milhões de euros para formação nas horas vazias. Apenas a linha de crédito para tesouraria de 600 milhões é uma alternativa para as empresas do setor.
Gonçalo Pina Soares, CEO do Grupo Torre Confeções, esteve presente no mesmo painel, onde defendeu ser “urgente, a curto prazo, algumas medidas de contexto energético”. Mas que, “a médio e longo” prazo, uma “política fiscal, eficiente, simplificada e agressiva é fundamental para o crescimento” das empresas e da atividade económica. “A inconstância é tal que é impossível prever o que vai acontecer daqui a um mês”, acrescenta.
Do lado da banca, Francisco Cary, administrador da CGD, nota que “os bancos podem ajudar, na medida do possível, a mitigar alguns dos impactos”, dado que “estão muito bem capitalizados e bom níveis de liquidez”.
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