Nord Stream 1 e 2 podem ficar inutilizáveis para sempre

Governo alemão antecipa corrosão do Nord Stream 1 e 2 caso as ruturas nos tubos no Mar Báltico não sejam corrigidas atempadamente.

Os gasodutos do Nord Stream 1 e 2 podem nunca mais voltar a ser utilizados na sequência das três ruturas nas turbinas que foram registadas entre domingo e terça-feira. De acordo com fontes governamentais alemãs, citadas esta quarta-feira pelo jornal alemão Tagesspiegel, se as reparações não forem colocadas em curso atempadamente, a água salgada do Mar Báltico poderá penetrar a corroer a infraestrutura no seu interior.

Na sequência da rutura – que foi considerada pela Alemanha, Polónia e Dinamarca como uma possível sabotagem – a Polícia Federal alemã reforçou o controlo das águas, monitorizando de mais perto as rotas relevantes próximas da infraestrutura, e a ministra da Defesa, Christine Lambrecht, anunciou a formação de uma equipa de crise para acompanhar o apuramento das causas deste acidente.

Segundo o governo da Dinamarca, poderá demorar entre duas a três semanas até que as ruturas sejam inspecionadas, devido à pressão das turbinas e à quantidade de gás que está a sair das turbinas. “Foram explosões muito grandes que ocorreram, portanto, levará tempo até que possamos chegar lá”, cita a AFP as declarações do ministro da defesa Morten Bodskov, esta quarta-feira.

A publicação alemã escreve ainda que devido à complexidade da rutura, especialistas e fontes governamentais acreditam que o ataque só poderia ter sido realizado por um agente estatal. As especulações apontam na direção da Rússia, mas o motivo ainda não é claro. Da parte de Moscovo, foi colocada também em cima da mesa a possibilidade de uma sabotagem, ainda que tenha reconhecido ser prematuro chegar a qualquer conclusão. Para já, o Kremlin anunciou apenas que planeia convocar uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir os danos causados.

Embora os envios de gás russo para a Europa, através da Alemanha, estivessem suspensos desde o início do mês devido à falta de condições técnicas, o caso levanta novas preocupações quanto à segurança energética na Europa. Da parte da Comissão Europeia, Joseph Borrell, chefe da diplomacia europeia, garante que qualquer disrupção intencional na rede energética europeia seria respondida de forma “unida e robusta”. Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantiu “uma forte resposta” caso se comprove que as fugas foram resultado de um “ato de sabotagem”.

Ao todo, foram detetadas três fugas de gás, das quais duas foram sinalizadas nos tubos do Nord Stream 1, junto à Suécia, a que se soma uma outra fuga num tubo do Nord Stream 2, a sudeste da ilha dinamarquesa de Bornholm. Segundo a Reuters, as fugas no gasoduto estão a resultar na formação de bolhas de gás natural no Mar Báltico. A maior destas perturbações tem mais de um quilómetro de diâmetro e a menor ronda os 200 metros.

A maior parte dos líderes europeus pronunciou-se logo esta terça-feira sobre as fugas de gás. Para a primeira-ministra dinamarquesa, foram “atos deliberados”. “A avaliação clara das autoridades é que é um ato intencional e não um acidente”, disse Mette Frederiksen. Já a homóloga sueca corroborou estas alegações, afirmando que o incidente será “provavelmente” resultado de “sabotagem”.

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