Macron ataca Le Pen no 1º debate a um mês das eleições

Ao candidato independente falta-lhe a notoriedade, mas o primeiro debate televisivo foi prova superada. Le Pen foi o alvo dos ataques dos quatro principais candidatos à presidência francesa.

Foi uma maratona de debate onde os candidatos atacaram as políticas de extrema-direita de Le Pen. No primeiro debate televisivo, a cerca de um mês da primeira volta das eleições, os candidatos à presidência francesa direcionaram os seus ataques para a líder da Frente Nacional. Foram 3h30 de um debate onde Macron foi o principal opositor de Marine Le Pen tendo acusado a candidata de mentir e de querer dividir o país.

Tem o cabelo loiro, é a favor de banir imigrantes e impor uma tarifa de 35% em bens importados, mas não é Donald Trump. Chama-se Le Pen e foram estes os trunfos que a candidata anti-euro usou no debate. Do outro lado da barricada, o seu oponente mais forte até ao momento, Macron, lançou acusações de falta de ética e uma vida longe exclusivamente na política. Um percurso que contrasta com o do economista que já foi banqueiro e chegou à política da primeira linha quando Hollande o convidou para ser o seu ministro da Economia, cargo que depois abandonou.

Da esquerda para a direita: o republicano François Fillon, o independente Emmanuel Macron, o candidato da esquerda Jean-Luc Mélenchon, a candidata da Frente Nacional Marine Le Pene e o candidato do Partido Socialista francês Benoît Hamon.

Com as sondagens a darem uma segunda volta com Le Pen e Macron, o debate tornou-se em parte num duelo entre os dois. Questões como o multiculturalismo e o uso do ‘burkini’, mais do que problemas económicos, foram centrais. A líder da extrema-direita francesa não quer Schegen (quer controlar as fronteiras novamente), expulsar militantes terroristas identificados, encerrar mesquitas fundamentalistas, opondo-se a uma França multicultural. Já Macron acusou-a de querer antagonizar os muçulmanos presentes no país, além de defender o uso da ‘burka’, “uma matéria de ordem pública”. Para o candidato independente a questão do terrorismo tem de ser resolvida na origem, ou seja, na resolução do conflito no Médio Oriente.

À Bloomberg, o cientista político Bruno Cautres considerou que Macron conseguiu levar a melhor. “O desafio para ele era mostrar que não era apenas um novo e inexperiente [político], era mostrar a profundidade e as qualidades que tem para ser Presidente“, explicou Cautres em declarações à agência financeira, em Paris, após o fim da emissão. Numa sondagem pós-debate da empresa Elabe, onde participaram 1.157 adultos que viram o debate, Macron foi visto como o mais convincente por 29%. Mélechon arrecadou 20%, seguido de Fillon e Le Pen com 19%. Hamon conseguiu apenas apoio de 11%.

Nos mercados, a reação ao debate fizeram as yields francesas cair e o euro subir 0,5% para os 1,0788 dólares, o nível mais elevado desde 6 de fevereiro. A primeira volta das eleições presidenciais francesas realiza-se a 23 de abril. Caso nenhum candidato consiga mais de 50% de votos (o cenário mais provável), a segunda volta realiza-se duas semanas depois, a 7 de maio, entre os dois candidatos mais votados.

O maior banco privado do mundo, o grupo UBS, espera que o euro recupere depois das eleições francesas, caso se confirme que uma vitória de Le Pen é pouco provável. “A única coisa que impede os investidores e gestores de fundos globais de apostarem na Europa é Marine Le Pen“, afirmou o diretor executivo do banco, Wayne Gordon.

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