Cada português desperdiça 100 quilos de alimentos por ano

Esta quinta-feira a Organização das Nações Unidas assinala o Dia Internacional da Consciencialização Sobre Perdas e Desperdício Alimentar.

Em Portugal, um milhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas todos os anos, o que resulta numa média de 100 quilos por português. O líder do Movimento Unidos Contra o Desperdício, Francisco Mello e Castro, o caminho passa por consciencializar os consumidores para reduzirem o desperdício e afinar a recolha de dados sobre este tema por parte das empresas.

Esta quinta-feira a Organização das Nações Unidas assinala o Dia Internacional da Consciencialização Sobre Perdas e Desperdício Alimentar, e os números portugueses mostram duas realidades que chocam entre si: enquanto cerca de 1.600.000 portugueses vivem abaixo do limiar da pobreza e cerca de 360.000 têm carências alimentares, um milhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas todos os anos, relata o movimento.

A nível mundial, a Boston Consulting Group estima que o impacto económico do desperdício alimentar será de 1,5 biliões de euros em 2030 e que esta realidade é responsável por 10% do total das emissões no mundo, contando não só as emissões relativas à produção destes produtos mas também aquelas feitas em aterros.

Num mundo com pessoas com carências alimentares, não é concebível que um terço de todos os produtos produzidos esteja no lixo. Alguns em perfeitas condições de consumo. É uma realidade grave e que não está distante”, defende , em declarações ao ECO/Capital Verde. E, com o regresso ao ritmo de vida normal no pós-pandemia, que passa muitas vezes por abandonar regimes de teletrabalho, “há mais dificuldade em planear refeições, ir às compras mais vezes por semana e acaba por se comprar em maior quantidade. Tudo isto tem impacto” nos níveis de desperdício alimentar, assinala.

O desperdício é naturalmente mais evidente nos alimentos frescos. E, no que diz respeito às famílias, acredita Mello e Castro, o primeiro passo é tomarem consciência da dimensão do problema. Depois, existem medidas simples que ajudam a evitar desperdícios: não ir às compras com fome, fazer a lista de compras com o que é realmente necessário, no restaurante não ter vergonha de pedir para levar restos para casa e não ter problema em pedir a dose certa nos restaurantes, por exemplo, pedir uma concha de arroz em vez de duas se não se come a segunda.

Quanto às empresas, o desafio é legislar para que estas meçam e quantifiquem o seu desperdício. Mas, com a guerra na Ucrânia e os custos e inflação que a mesma acarreta, o caminho tem sido o de reduzir o desperdício, avalia. Nas principais insígnias de distribuição, por exemplo, indica que o desperdício é cada vez menor e que “acontece mais que deveria mas muito menos do que opinião pública entendeu na altura” em que foi amplamente partilhado nas redes sociais o caso de um supermercado da cadeia Pingo Doce, que teria deitado fora vários alimentos com qualidade. Estes casos devem ser combatidos com a formação dos trabalhadores a nível local, para saberem lidar com excedentes ou com imprevistos que provoquem situações de desperdício, defende.

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