Aquecer a casa este ano pode custar até 62 euros por mês na fatura da luz
Seja com um aquecedor ou ar condicionado, aquecer a casa este inverno vai pesar na fatura da luz, numa altura em que já vigoram novos preços. Mas existem algumas formas de contornar as subidas.
Aquecer a casa este ano no inverno, numa altura em que já entraram em vigor os novos preços da eletricidade, poderá vir a tornar-se numa tarefa cara, isto considerando que cerca de 40% das casas em Lisboa e no Porto não estão preparadas para enfrentar os meses mais frios.
O comparador de tarifas de energia e telecomunicações Selectra, fez as contas e partilhou-as com o ECO/Capital Verde: estima que aquecer a casa no inverno poderá traduzir-se num acréscimo na fatura da eletricidade de até 62 euros para uma família composta por um casal com dois filhos.
Para fazer as contas, tudo depende das necessidades da habitação e o equipamento utilizado. Se a casa estiver mal isolada, as necessidades para aquecimento são superiores, pelo que, para manter o interior confortável, o consumo de energia também tenderá a ser superior. Este consumo, e respetivo custo com energia, é tanto maior quanto menos eficiente for o equipamento utilizado. Os valores também variam consoante o tarifário que o consumidor contratou, o perfil do consumidor e em que regime se encontra, mercado livre ou regulado.
Tendo isto em conta, a comparadora de tarifas fez as estimativas com base em dois cenários. No primeiro, onde as temperaturas frias já se sentem dentro de casa, um casal com dois filhos, com uma tarifa única de eletricidade com uma potência de 6,9kVA contratada no mercado livre de energia, e que utilize num mês um dos seguintes aparelhos, durante uma média de cinco horas diárias, poderá verificar os seguintes acréscimos na fatura da luz:
Olhando para a tabela, é possível concluir que a utilização de um aquecedor convector é a mais cara, seja nas horas de ponta ou nas horas de vazio. Já a mais barata deverá ser o ar condicionado, cujo preço deverá rondar entre os 19 e os 34 euros.
A realidade mantém-se para o mesmo perfil de consumidor, mas no mercado regulado. Segundo as contas da Selectra, um aquecedor convector nas horas de ponta poderá custar até 57 euros nas horas de ponta, enquanto o custo do ar condicionado deverá rondar os 17 euros e os 31 euros, nas horas de menor e maior procura, respetivamente.
“É importante frisar que estes valores têm apenas em conta a utilização de um destes aparelhos, ou seja, se cada família tiver dois aparelhos ligados em casa, o preço irá consequentemente duplicar”, explica a Selectra ao ECO/Capital Verde.
Importa também referir que estas estimativas não tiveram em conta a próxima atualização às tarifas reguladas da eletricidade, proposta que deverá ser apresentada pela ERSE no próximo sábado, 15 de outubro. Segundo a previsão avançada esta semana pelo ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, a expectativa do Governo é que as famílias com tarifas reguladas de eletricidade fiquem sujeitas a um aumento dos preços de cerca de 3%, no próximo ano.
Perante o mais recente aumento do preço da eletricidade, cabe ao consumidor analisar e comparar as tarifas no mercado e escolher qual a mais vantajosa, seja no mercado regulado, onde os preços são definidos pelo Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), seja no mercado livre, onde as comercializadoras são livres de definir os seus preços.
E, mesmo com a baixa do IVA de 13% para 6% já em vigor, importa referir que esse desconto aplica-se apenas nos primeiros 100 kWh de consumo de energia. Segundo a Pordata, em 2020, o consumo de energia por consumidor doméstico foi de cerca de 110 kWh por mês (ou seja, 1.321 kWh anuais). Com este valor em conta, e considerando um agregado familiar de quatro pessoas, essa família irá consumir cerca de 440 kWh de energia por mês.
Assim, e considerando as mesmas tarifas simples do exemplo anterior, a Selectra voltou a fazer contas e concluiu que uma fatura de 77,03 euros de um casal com dois filhos, com uma tarifa única de eletricidade, cuja potência é de 6,9kVA contratada no mercado livre de energia, sentiria um desconto de cerca de 1 euro, passando a pagar 76,01 euros depois da aplicação deste desconto no IVA.
O valor do desconto não difere se esta família tiver uma fatura da luz de 84,95 euros por mês resultante de um contrato no mercado regulado com as mesmas condições. Com o IVA a baixar de 13% para 6%, passaria a pagar 83,83 euros por mês.
“Esta medida não é suficiente para dar aos consumidores a segurança que eles precisam. Assim, deverá partir também deles ajustarem os seus hábitos de consumo para conseguirem poupar um pouco mais em casa”, recomenda a entidade
Como aquecer com custos menores na fatura da luz?
Apesar destes valores, existem medidas que podem reduzir as necessidades de energia da habitação. A Deco Proteste partilhou algumas com o ECO/Capital Verde.
A primeira prende-se com um reforço do isolamento térmico da envolvente da habitação. Segundo Pedro Silva, especialista em Energia da entidade de defesa do consumidor, desta forma o consumidor consegue reduzir “as trocas térmicas com o exterior, o que faz com que as temperaturas interiores se mantenham mais confortáveis, reduzindo o recurso a equipamentos”, seja para aquecimento, no inverno, ou arrefecimento, no verão.
Além desta, deve considerar substituir janelas por outras mais eficientes e colmatar fendas e fissuras, pois trazem vantagens imediatas de conforto térmico e também contribuem para um melhor isolamento acústico, aconselha a Deco Proteste. Estas soluções, naturalmente, pressupõem contudo investimentos significativos.
No inverno, a entidade sugere abrir as persianas e cortinas durante o dia para deixar a radiação solar entrar e aquecer a casa, fechando-os de noite para ajudar a conter o calor no interior, um método que deve ser aplicado ao contrário no verão — isto é, “fechar os dispositivos de proteção solar durante as horas de maior calor” — para manter o interior da casa mais fresco.
“Todas estas são medidas que, com a maior ou menor investimento, permitem manter o interior da casa mais confortável de forma “passiva”, sublinha Pedro Silva, acrescentando que “ao reduzir as necessidades de energia para aquecer e arrefecer as divisões, o consumo de energia associado será menor (independentemente do equipamento utilizado), o que se traduzirá numa redução da respetiva fatura energética“. Por outro lado, acrescenta, “para manter as mesmas condições de conforto não alterando a envolvente, uma redução do consumo de energia só é conseguida através de equipamentos mais eficientes”.
Da parte da Selectra, também existem dicas, nomeadamente, fazer um uso eficiente dos aquecedores, não ultrapassando a temperatura recomendada de 21º Celsius, uma vez que “cada grau acima disso pode encarecer a fatura em cerca de 7%”.
Desligar todas as fontes de aquecimento sempre que se ausenta de casa e antes de ir dormir e colocar temporizadores nas tomadas elétricas para definir horas limite em que os aparelhos se podem manter ligados, também são formas de poupar na fatura mensal da luz, ao mesmo tempo que aquece a casa no inverno. Isto sem esquecer que, se optar por ligar os aparelhos de aquecimento, deve colocá-los em lugares estratégicos, “evitando colocá-los num local com demasiados objetos ao seu redor, para que estes não interfiram com a radiação”, recomenda a consultora.
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