Gasoduto ibérico. Macron “está na fase do não. Esperemos que volte à fase do sim”, diz Costa

França voltou esta semana a rejeitar a construção do gasoduto ibérico. Costa recorda que infraestrutura não serviria apenas para transportar gás para a Europa, mas também hidrogénio.

O primeiro-ministro voltou a defender a construção de gasoduto ibérico com ligações a França, considerando ser “uma infraestrutura do futuro” tendo em conta que não serviria apenas para transportar gás para a Europa, mas serviria, também, para enviar hidrogénio, no futuro.

Aos jornalistas, esta sexta-feira, em Praga, António Costa considera que o tema em torno da construção desta interconexão, que voltou a ser rejeitada por Emmanuel Macron esta semana, é “crónico no quadro da União Europeia” e que do lado de França a posição, nos últimos anos, tem “sempre intermediado” com “sins”. “Agora está na fase do não. Esperemos, rapidamente, que volte à fase do sim”, admitiu.

 

“Compreendemos as preocupações de França tem suscitado relativamente à necessidade de preservarmos os valores ambientais”, explicou António Costa, durante uma conferência de imprensa após a primeira reunião da Comunidade Política Europeia, acrescentando, porém, que “o grande desafio é encontrarmos um bom equilíbrio entre preservar aquilo que são os valores ambientais e as necessidade de abastecimento de energia em toda a Europa“.

“Hoje o quadro que temos pela frente é diferente do que tínhamos em 2019”, disse, relembrando o ano em que os reguladores em Espanha rejeitaram a construção do gasoduto ibérico por não ter “viabilidade económica”. “Desde logo porque grande parte dos países no centro da Europa, como a Alemanha, que se forneciam na Rússia, hoje deixaram de o poder fazer e precisam de novas fontes de energia e novas rota de abastecimento”, argumentou.

Questionado sobre se irá desistir de insistir sobre o tema junto do presidente francês, o governante português rejeitou a hipótese, relembrando que o presidente Macron que disse “não” é o mesmo presidente Macron que, em 2018, assinou em Lisboa uma declaração que previa quer o incremento das interconexões elétricas, quer o incremento das interconexões gasíferas”, disse, referindo-se à Cimeira das Interligações celebrada na capital portuguesa em 2018, com a participação de Costa, Macron e do chefe de Governo espanhol, Pedro Sánchez.

Quanto à estrutura, é certo para António Costa que esta “tem que ser preparada desde o início para o hidrogénio verde” combustível que integra uma “realidade nova relativamente aquela que estava em cima da mesa em 2019”. “Devemos vocacionar a infraestrutura para aquilo que serão as infraestruturas do futuro, mas permitindo também as energias de transição como o gás natural“, frisou.

Estados-membros mais alinhados na fixação de preço do gás

Esta sexta-feira foi o último dia da cimeira que reuniu os líderes europeus em Praga, na Republica Checa, para debater a escalada da crise energética e um novo apoio financeiro e militar à Ucrânia.

Em cima da mesa, está a possibilidade de os Estados-membros fixarem um preço máximo no gás importado e distribuído por pipeline. A medida, apresentada inicialmente pela presidente da Comissão Europeia, no início do mês, não encontrou consenso junto dos restantes 27 países do bloco europeu, o que impediu que fosse integrada no mais recente pacote de medidas aprovadas pelo executivo comunitário com vista a combater a escalada de preços na energia.

No entanto, segundo António Costa, após a reunião em Praga, “o que começou por ser uma medida com forte rejeição, já recolhe uma maioria”. Portugal foi um dos 15 países europeus que assinou uma carta conjunta enviada à Comissão Europeia a reclamar um teto para o preço do gás importado, e esta sexta-feira, “um dos países mais renitentes, já aceita a medida”, indicou Costa, não especificando, no entanto, que Estado terá mudado de posição. Certo é que a Alemanha e os Países Baixos foram os dois países que se opuseram fortemente à fixação de um preço do gás importado.

Subscrita por 15 Estados-membros — Bélgica, Itália, Espanha, Portugal, Polónia, Grécia, Malta, Lituânia, Letónia, Eslovénia, Croácia, Roménia, França, Bulgária e a Eslováquia — os ministros responsáveis pela Energia dos Estados-membros subscritores, pedem ao executivo comunitário que apresente uma proposta para limitar o preço do gás natural.

De acordo com países signatários, “este limite é a prioridade e pode ser complementado com propostas para reforçar a supervisão financeira do mercado do gás e desenvolver parâmetros de referência alternativos para a fixação de preços do gás na Europa”.

Fontes europeias indicaram que o executivo comunitário deverá efetivamente apresentar em breve uma proposta com vista a um limite “dinâmico” para o preço do gás, com várias opções, e que deverá abordar a ideia de uma plataforma de aquisição conjunta de gás, solução defendida há muito por um leque alargado de países, entre os quais Portugal.

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