Banco polaco do BCP reforça provisões com 102 milhões para créditos em francos suíços
Para acautelar riscos legais relacionados com empréstimos em francos suíços, Bank Millennium volta a constituir provisões no terceiro trimestre, em que terá prejuízos relacionados com as moratórias.
O Bank Millennium, que pertence ao BCP e tem sede em Varsóvia, decidiu constituir provisões adicionais no valor de 447 milhões de zlotys (92 milhões de euros) para “riscos legais relacionados com empréstimos hipotecários em moeda estrangeira” originados pelo banco polaco no qual o BCP detém uma participação de 50,1%.
Além disso, a instituição financeira comunicou esta sexta-feira à CMVM que serão constituídas novamente provisões de 51 milhões de zlotys (10,5 milhões de euros) para riscos legais relacionados com a carteira de crédito originada pelo Euro Bank, detido pelo BCP desde 2019 e alvo de fusão, mas “sem impacto nos resultados líquidos”.
“As provisões refletem a continuação das tendências negativas nas decisões judiciais, a entrada de novos processos judiciais e as alterações na metodologia de avaliação de risco do banco”, explicita neste comunicado relativo a itens específicos com impacto nos resultados do terceiro trimestre, que serão divulgados a 24 de outubro.
Os contratos de crédito à habitação em francos suíços celebrados na Polónia levaram os encargos dos clientes a disparar e têm sido considerados abusivos pelos tribunais do país, traduzindo-se em perdas elevadas para os bancos.
Segundo as contas apresentadas esta sexta-feira, o saldo das provisões para riscos legais relacionados com créditos hipotecários em moeda estrangeira atingiu perto de 5.270 milhões de zlotys (1.085 milhões de euros) no final de setembro – dos quais 4.881 milhões de zlotys para a carteira originada pelo banco.
O banco tem tentado reduzir esta carteira de créditos através de acordos amigáveis e fechou mais de 2.000 no terceiro trimestre, estando o custo a aumentar devido à evolução da taxa de câmbio e das taxas de juro. No final de setembro, o número de contratos deste género originados pelo banco diminuiu para menos de 40 mil, com uma redução de 18% no valor, em termos homólogos e “excluindo o impacto das provisões para riscos legais”.
“Adicionalmente o Bank Millennium S.A. Capital Group informa que no 3º trimestre de 2022 reconheceu PLN 1.423 milhões (o banco apenas PLN 1.385 milhões) de custos relacionados com as moratórias de crédito. Como resultado destes custos, o Banco/Grupo apresentará um resultado líquido negativo” no período compreendido entre julho e setembro.
No primeiro semestre, o Bank Millennium teve prejuízos de 56,6 milhões de euros, um resultado em grande medida explicado por estas provisões. Nessa altura, o banco já tinha antecipado novos prejuízos no trimestre seguinte devido ao reconhecimento upfront dos custos com moratórias de crédito, que implicará que os rácios de capital se fixem temporariamente abaixo dos requisitos mínimos, uma hipótese que levou o banco a lançar um plano de recuperação.
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