Fundo de Resolução lembra Nobel da Economia para defender os 8 mil milhões injetados no Novobanco
Fundo de Resolução defende que a sua atuação ajudou a minimizar em 551 milhões os pagamentos que já foram feitos ao Novobanco. Lone Star ainda sem "vontade concreta" de vender banco.
O Fundo de Resolução lembrou a investigação do recém-laureado com o Prémio Nobel da Economia Ben Bernanke, sobre a necessidade de apoiar o sistema financeiro sob stress para evitar uma crise maior, para defender a intervenção no BES e Novobanco que já consumiu mais de oito mil milhões de euros de recursos públicos desde 2014.
“Não há qualquer dúvida que o apoio ao Novobanco é gigantesco, é muitíssimo elevado”, começou por dizer Luís Máximo dos Santos esta terça-feira no Parlamento. Mas “a defesa da estabilidade financeira tem bastantes custos e o custo de não fazê-lo é pior”, acrescentou logo a seguir, para lembrar o trabalho do antigo presidente da Reserva Federal americana e agora Nobel da Economia.
“Bernanke demonstrou de forma muito clara o impacto devastador que o colapso dos bancos pode ter, gerando uma crise mais difícil” de gerir, afirmou Máximo dos Santos.
João Freitas, diretor-geral do Fundo de Resolução, acrescentou dados: se o BES não tivesse sido resgatado em 2014, o custo teria sido de mais de 14 mil milhões de euros. Além disso, também mostrou que, “em termos relativos, o apoio público foi menor” no BES/Novobanco — que recebeu 40% dos apoios públicos à banca desde 2008, segundo o Tribunal de Contas — do que nos casos do BPN (nacionalizado em 2008) e Banif (resolvido em 2015).
“Não se trata de salvar banqueiros, estamos a salvar poupanças, depósitos e a regularidade do financiamento da economia”, explicou depois presidente do fundo.
“O Novobanco está vivo, goaz de razovel saude, tenho mantido a segurança dos depositos e continuado a contribuir para a economia portuguesa”, rematou Máximo dos Santos.
Atuação do FdR poupou 551 milhões
Ambos os responsáveis rejeitaram as críticas do Tribunal de Contas de que o Fundo de Resolução não salvaguardou o interesse público, não minimizou a utilização de recursos públicos e não fez um controlo eficaz dos contratos.
João Freitas adiantou aos deputados da comissão de orçamento e finanças que, devido à atuação do Fundo de Resolução, foi possível minimizar os pagamentos ao Novobanco em 551 milhões de euros.
“Se tivéssemos pago tudo o que o Novobanco pediu, já tínhamos ultrapassado o valor do acordo de capital contingente” de 3,89 mil milhões de euros, acrescentou o diretor do Fundo de Resolução. Até hoje, ao abrigo daquele acordo criado em 2017, o Fundo de Resolução já injetou 3,4 mil milhões de euros na instituição financeira detida pelo Lone Star (75%).
Máximo dos Santos admitiu que pode ter de injetar mais dinheiro no banco. “É evidente que se o Fundo de Resolução perder os litígios no Tribunal Arbitral, os montantes vão ter de ser honrados”, disse. Lembrou, contudo, que o fundo já ganhou um processo ao Novobanco naquela sede, “um terreno desfavorável para entidades públicas”, o que “já é um indício da correção da nossa ação”.
Americanos ainda sem intenção de venda
Máximo dos Santos disse ser prematuro fazer qualquer antecipação em relação ao futuro do Novobanco, nomeadamente quanto à estratégia para a participação do Fundo de Resolução no banco, revelando que o acionista americano ainda não mostrou “vontade concreta” de venda.
“Já somos três acionistas: Lone Star, Fundo de Resolução e Estado. Há regras no contrato para o funcionamento da venda. Mas não estou em condições de dizer mais do que isto. Tanto mais que a própria Lone Star não manifestou nenhuma vontade concreta e específica para a venda da sua parte do capital”, adiantou.
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