Cimenteira francesa multada em 778 milhões após admitir que financiou terroristas sírios
A Lafarge, gigante francesa do cimento, reconheceu perante um tribunal norte-americano que pagou a grupos terroristas na Síria entre agosto de 2013 e outubro de 2014.
Pela primeira vez nos Estados Unidos, uma empresa declarou-se culpada por ter colaborado com organizações terroristas. Esta terça-feira, a fabricante francesa de cimento Lafarge confessou que pagou a grupos terroristas para continuar a operar na Síria, confirmando a acusação do Departamento de Justiça norte-americano. A notícia é avançada pelo Cinco Días (acesso livre), que refere também que a empresa terá agora de pagar uma multa de 778 milhões de dólares.
Segundo o diário espanhol, os eventos ocorreram entre agosto de 2013 e outubro do ano seguinte. A Lafarge manteve uma fábrica na Síria após o início da guerra civil naquele país, em 2011, tendo alegadamente pagado a vários grupos armados, incluindo ao autoproclamado Estado Islâmico.
Na audiência desta terça-feira, que ocorreu no tribunal federal de Brooklyn, no Estado de Nova Iorque, a gigante francesa do cimento disse que os pagamentos foram feitos em defesa dos trabalhadores da fábrica. Em 2016, numa investigação interna levada a cabo pela Swiss Holcim, na qual a Lafarge está integrada, já havia admitido que a sua filial síria tinha pago subornos, mas negou a colaboração em crimes contra a humanidade.
Além disso, esta informação terá sido escondida da direção da Swiss Holcim no momento da fusão com a Lafarge, que aconteceu em 2015. O próprio Departamento de Justiça dos EUA subscreve a versão de que os antigos executivos da Lafarge e da sua filial síria – encerrada há anos – esconderam a sua conduta da Holcim e dos seus auditores antes e depois de o grupo suíço ter adquirido a cimenteira francesa.
A Holcim, por seu lado, assinalou ao regulador da bolsa da Suíça que estes acontecimentos são herdados e minam os seus valores. “A resolução de hoje reafirma o compromisso da Holcim de conduzir todos os seus negócios com a máxima integridade”, disse o grupo suíço, numa nota enviada ao regulador da bolsa de valores.
Na sua declaração em tribunal, a Lafarge isenta a Holcim de qualquer culpa e afirma que aceita “responsabilidade pelas ações dos executivos individuais envolvidos, cujo comportamento constituiu uma violação flagrante do Código de Conduta da Lafarge”. “Lamentamos profundamente que esta conduta tenha ocorrido e temos trabalhado com o Departamento de Justiça dos EUA para resolver este assunto”, reiterou a empresa francesa.
O tribunal esclareceu que não encontrou provas que sugerissem que os gestores envolvidos apoiassem “os métodos, os objetivos ou as ideologias” dos grupos terroristas que operam na Síria, tendo alegadamente agido num período de extrema violência e perante a pressão terrorista.
A Lafarge enfrenta também acusações de cumplicidade em crimes contra a humanidade perante um tribunal de Paris.
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