Preço da couve quase triplicou desde o início da guerra na Ucrânia. Só a laranja e o tomate recuaram

Governo lançou esta quarta-feira o observatório "Nacional é Sustentável" com o intuito de acompanhar os custos e preços na cadeia de valor agroalimentar. Preço da couve quase triplicou com a guerra.

Com a invasão russa à Ucrânia, os custos de produção de vários alimentos agravaram-se à boleia do aumento dos preços da energia, transportes e de algumas matérias-primas. Só o valor pago aos produtores de couve quase triplicou, enquanto o preço da alface, carne de porco e cenoura registam subidas iguais ou superiores a 50%, de acordo com as contas feitas pelo ECO, tendo por base o observatório de preços, lançado pelo Governo. Em contrapartida, a laranja e o tomate já registam descidas.

Em causa está o observatório “Nacional é Sustentável”, anunciado em maio, e cujo site e respetiva regulamentação foi lançado e publicado em Diário da República esta quarta-feira. Em comunicado, o Ministério da Agricultura e o Ministério da Economia e Mar, adiantam que o objetivo é “contribuir para uma maior transparência em toda a cadeia de valor agroalimentar, acompanhar a sua evolução e dotar as entidades competentes de um instrumento que permita monitorizar, avaliar e definir melhores políticas públicas nesta matéria”.

Numa altura em que a taxa de inflação atinge os 9,3% em Portugal, o nível mais elevado em quase 30 anos, uma das principais missões deste novo observatório é “eventualmente, ir fazendo a denúncia de movimentos especulativos que existam nas várias etapas da cadeia de valor”, segundo explicou Maria do Céu Antunes, em declarações ao Observador, aquando do anúncio da medida.

Nesse sentido, o site lançado esta quarta-feira disponibiliza dados sobre a evolução dos preços médios na produção, relativos aos dois últimos anos, e diagramas de fluxos e circuitos comerciais das cadeias de valor para os vários produtos considerados no cabaz alimentar. Posteriormente, serão também lançados dados relativos aos preços no consumidor, bem como “informação sobre estrutura de custos e proveitos nas diversas fases da cadeia de valor”, adianta ainda o Executivo, na nota de imprensa.

Perante a análise dos dados feita pelo ECO, entre os 14 alimentos analisados para os quais há dados disponíveis, é possível constatar que a couve foi o produto que mais subiu de preço no que toca ao preço médio pago ao produtor, desde o início da guerra na Ucrânia. Se na semana 8 (entre 21 a 28 de fevereiro), a couve custava 0,26 euros/kg, na semana 40 (entre 3 a 9 de outubro) já custava 0,74 euros/kg. Contas feitas, trata-se de um aumento de 184,6% (quase o triplo do valor praticado antes da guerra).

Segue-se a alface, que custava 0,53 euros/kg na semana em que se iniciou a guerra e cujo último balanço aponta para 0,94 euros/kg, o que representa um aumento de 77,4%. Com aumentos a rondar os 50% está ainda o valor médio pago aos produtores de carne de porco (+56,5% face à semana de 21 a 28 de fevereiro) bem como de cenoura (50%) e da maçã (48,4%). Feitas as contas, o custo de produção da carne de porco aumentou, em média, 83 cêntimos/kg no período em análise, a cenoura subiu 15 cêntimos/kg e 31 cêntimos/kg.

Ao mesmo tempo, os custos de produção de uma dúzia de ovos classe M aumentou 44%, passando de 1,18 euros (na semana 8) para 1,70 euros na semana 39 (entre 26 de setembro a 2 de outubro). Já o preço no produtor de pêra situava-se nos 0,73 euros/kg e aumentou 24 cêntimos (32,9%) para 0,97 euros/kg na semana entre 3 a 9 de outubro. Já o frango e o leite de vaca aumentaram 25,90% e 18,80%, respetivamente, enquanto o azeite ficou-se pelos 5,40%, de acordo com as contas realizadas pelo ECO.

E se o preço médio pago ao produtor de batata não sofreu alterações (tendo em conta o preço praticado na primeira semana de guerra e o valor praticado atualmente), a laranja e o tomate são os únicos que registam descidas.

Na semana entre 21 a 27 de fevereiro, o preço pago aos produtores de laranja era de 0,57 euros/kg, enquanto na semana entre 3 a 9 de outubro era de 0,45 euros/kg, o que representa um recuo de cerca de 21% (menos 12 cêntimos). Já o tomate custava 1,04 euros/kg e custa atualmente 0,98 euros/kg, o que representa uma quebra de 5,8%, isto no mesmo período de referência.

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