Inflação de 10,2% em outubro ameaça meta do Governo

Estimativa rápida do INE aponta para inflação de 10,2%. Evolução dos próximos dois meses vai ditar se estimativa do Governo de 7,4% para 2022 ainda pode ser atingida.

A subida dos preços continua sem dar descanso e os números dos próximos dois meses podem vir a comprometer a previsão do Governo de 7,4% em 2022. O Instituto Nacional de Estatística divulgou a estimativa rápida para outubro, que aponta para uma inflação de 10,2%, mais 0,9 pontos percentuais (p.p.) que setembro. Tanto uma variação nula (se não subir face ao mês anterior), como uma subida em cadeia igual à verificada neste mês vão ditar uma inflação superior à estimativa do Governo.

Segundo as contas feitas pelo ECO, se a evolução em cadeia for nula em novembro e dezembro, a taxa média anual de inflação fica nos 7,8% em 2022. Em janeiro, a variação do Índice de Preços no Consumidor foi de 3,4%, número que foi sempre acelerando, exceto no mês de agosto (em que abrandou para 8,9%).

Já se se verificar uma subida em cadeia igual à deste mês, de 0,9 pontos percentuais, em novembro e dezembro, a taxa média anual pode mesmo atingir os 8,1% em 2022. Assim, a inflação tem de desacelerar até ao final do ano para ser possível atingir a meta estabelecida pelo Executivo.

A previsão do Governo inscrita na proposta de Orçamento do Estado, entregue a 10 de outubro no Parlamento, é de uma inflação de 7,4% este ano e 4% em 2023. Já as projeções do Conselho das Finanças Públicas apontam para uma inflação de 7,7% este ano e 5,1% em 2023. O FMI é ainda mais pessimista, estimando uma taxa de inflação de 7,9% este ano, que desacelerará para 4,7% em 2023.

Depois de em setembro se ter registado uma taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor de 9,3%, esta atingiu agora dois dígitos. Os dados do INE mostram que a subida de preços já não está só concentrada na energia, já que a inflação subjacente, que exclui produtos alimentares não transformados e energéticos, acelerou para 7,1% em setembro. Está assim em máximos de 28 anos, segundo o gabinete de estatística.

Estes valores contrariam as previsões do Banco de Portugal, que estimava que a variação no índice de preços tinha atingido “o ponto máximo” no terceiro trimestre.

O INE vai divulgar os dados definitivos referentes ao IPC do mês de outubro de 2022 no próximo dia 11 de novembro. Já as estimativas para novembro apenas serão conhecidas no final desse mês e o mesmo ocorre para dezembro.

Questionado sobre estes números, o Ministério das Finanças não respondeu antes do fecho deste artigo. Já o líder parlamentar do PS quer esperar para ver “como se vai comportar a inflação nos últimos meses do ano”, segundo disse em declarações aos jornalistas no Parlamento esta sexta-feira. “Estando em outubro, o valor que faz referência não tem em conta ainda o último trimestre”, salientou.

Eurico Brilhante Dias apontou ainda que o “acelerar da inflação começou antes da guerra, em particular no quarto trimestre de 2021, por isso temos de esperar e olhar com atenção para comportamento dos preços a 31 de dezembro”. Assegurou, ainda assim, que o Governo “preparou o OE para garantir que pode apoiar portugueses e empresas durante 2023”, sendo que se não tivesse “sido prudente provavelmente estaríamos com mais dificuldades para apoiar hoje”.

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