Governo italiano quebra exclusividade na venda da antiga Alitalia
Fim das negociações exclusivas com consórcio formado por fundo americano Certares e Delta e Air France reabre oferta para compra da ITA Airways apresentada pela ítalo-suíça de navios MSC e Lufthansa.
O Governo italiano decidiu interromper as negociações exclusivas com o consórcio formado pelo fundo norte-americano Certares e as companhias aéreas Delta e Air France para vender a ITA Airways, nascida da falência da Alitalia.
A decisão foi tomada pelo novo ministro da Economia, Giancarlo Giorgietti, que pôs fim às negociações exclusivas com o consórcio Certares e informou, em comunicado, que “continuam as interlocuções para a definição de um possível acordo de transferência da companhia aérea”.
A decisão abre uma possibilidade para o outro grupo que apresentou uma oferta para compra da ITA, formado pela empresa ítalo-suíça de navios MSC e a transportadora aérea alemã Lufthansa.
Em 31 de agosto, no início da negociação exclusiva com a Certares, Giancarlo Giorgetti, então ministro do Desenvolvimento Económico do Governo Draghi, não escondeu que a decisão de escolher o fundo norte-americano “o apanhou de surpresa”.
Giogetti expressou, então, preocupação com a escolha, argumentando que a oferta não incluía um parceiro industrial, “uma das peças fundamentais da estratégia, que garantiria um futuro para a empresa italiana e para os seus trabalhadores”.
O Tesouro italiano, único acionista da ITA, explicou que escolheu a oferta liderada pelo fundo norte-americano, considerando-a “mais alinhada com os objetivos fixados pelo decreto do primeiro-ministro Mario Draghi” para a sua venda.
Segundo alguns analistas, citados pela EFE, a oferta da Certares-Delta-Air France pode ter convencido por prever deixar 45% das ações ao Estado italiano e, portanto, maior controlo sobre o futuro da empresa que nasceu em 15 de outubro, após a falência da Alitalia.
Analistas também apontaram a rigidez da oferta da MSC-Lufthansa na distribuição das ações, já que as duas queriam ficar com 80%, deixando 20% para o Tesouro italiano.
A proposta apresentada pela MSC e pela Lufthansa oferecia entre 850 e 900 milhões de euros por uma participação de 80%, segundo o diário financeiro Il Sole 24 ore.
O jornal La Repubblica avançou que o consórcio Certares ofereceu 650 milhões por 55% da companhia aérea, prevendo um bónus adicional se a ITA obtiver bons resultados financeiros e deu ao Tesouro dois dos cinco assentos no conselho de administração e o cargo de presidente.
Os meios de comunicação social italianos, citando fontes próximas à operação, apontaram que a Certares estava a trabalhar para chegar “rapidamente” a uma oferta “vinculante e definitiva”.
Retirada de poderes ao CEO
Em meados de outubro, o conselho de administração da ITA Airways retirou os poderes do presidente executivo, Alfredo Altavilla, inclusive a tarefa de negociar a venda da companhia aérea estatal italiana, transferindo-os para Fabio Lazzerini, denunciando que o líder estava a atrasar a venda da companhia.
O confronto entre o presidente e a comissão executiva da ITA foi para a Justiça, depois de o próprio Altavilla ter processado seis membros da comissão executiva. A assembleia geral marcada para 8 de novembro dará luz verde ao aumento de capital de 400 milhões de euros, segunda parcela do financiamento total de 1.350 milhões de euros, já autorizado pela União Europeia.
A ITA nasceu em outubro com um porte menor que o da Alitalia, pois conta com 52 aeronaves e pouco menos de 3.000 funcionários, contra os 11.000 que a antiga transportadora de bandeira italiana tinha, e busca um potencial parceiro industrial para promover a sua competitividade em um setor que foi duramente atingido pela pandemia de coronavírus.
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