Exportações de gás da russa Gazprom caem 42,6 % até outubro
Empresa estatal russa indica que 85% da redução da procura corresponde aos países da União Europeia. Rússia volta a acusar Reino Unido de "dirigir e coordenar" sabotagem do Nord Stream.
A russa Gazprom exportou menos 42,6% gás entre janeiro e outubro, em relação ao mesmo período de 2021, para países não pertencentes à Comunidade de Estados Independentes (CEI) pós-soviética, entre eles os europeus.
O consórcio russo, no seu canal Telegram, informou que durante os primeiros dez meses do ano foram exportados 91,2 mil milhões de metros cúbicos de gás, 67,6 mil milhões de metros cúbicos a menos do que no mesmo período do ano anterior.
A Gazprom assegurou que os fornecimentos são realizados “de acordo com os pedidos confirmados”. A empresa russa considerou que a redução do consumo de gás na União Europeia (UE) “foi um fator fundamental” para a redução da procura global.
“Durante os primeiros dez meses do ano, de acordo com os primeiros cálculos e dados operacionais disponíveis, a procura mundial caiu mais de 40.000 milhões de metros cúbicos. 85% desta redução, cerca de 36.000 milhões de metros cúbicos, corresponde aos 27 países da UE”, precisou.
Segundo a empresa russa, o consumo de gás também caiu no Reino Unido, cerca de 4.000 milhões de metros cúbicos. “Dessa forma, 95% da redução da demanda global corresponde aos países da UE e ao Reino Unido”, explicou a empresa.
De acordo com a Gas Infrastructure Europe (GIE), as reservas de gás nas instalações de armazenamento subterrâneo da Europa foram reabastecidas em 68,6 bilhões de metros cúbicos em 30 de outubro, mas a Gazprom diz não garantir que a Europa passará com segurança pelo outono e inverno.
Reino Unido acusado de “dirigir e coordenar” sabotagem do Nord Stream
Esta terça-feira, a Rússia acusou novamente o Reino Unido de estar na origem das explosões que danificaram os gasodutos Nord Stream 1 e 2 no Mar Báltico, concebidos para encaminhar o gás russo para a Europa.
“Os nossos serviços de informações têm provas que sugerem que o ataque foi dirigido e coordenado por especialistas militares britânicos”, disse o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, numa conferência de imprensa. “Há evidências de que o Reino Unido está envolvido numa sabotagem, num ataque terrorista contra infraestruturas vitais de energia não russas, mas internacionais”, continuou Peskov.
Segundo o porta-voz do Kremlin, essas ações “não podem ficar sem resposta”, pelo que Moscovo vai agora analisar as medidas a tomar, criticando “o silêncio inaceitável das capitais europeias”.
Há evidências de que o Reino Unido está envolvido numa sabotagem, num ataque terrorista contra infraestruturas vitais de energia não russas, mas internacionais.
No sábado, o exército russo tinha acusado Londres de estar envolvida nas explosões que levaram à fuga de gás no Nord Stream, alegações que surgiram após um ataque de drones (aparelhos voadores não tripulados) perpetrado pelo exército ucraniano contra a frota naval que a Rússia mantém no Mar Negro, na Crimeia, planeado, segundo Moscovo, também por “especialistas britânicos”.
Londres, através do Ministério da Defesa considerou “falsas” as acusações, que servem unicamente para “desviar a atenção” da invasão russa da Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro.
A 26 de setembro, quatro grandes fugas de gás foram detetadas nos gasodutos Nord Stream 1 e 2 na ilha dinamarquesa de Bornholm – dois na zona económica sueca as restantes duas na da Dinamarca. As investigações submarinas preliminares reforçaram as suspeitas de sabotagem, pois as fugas foram precedidas de explosões.
Os dois gasodutos Nord Stream, que ligam a Rússia à Alemanha, estão no centro das tensões geopolíticas há anos, intensificadas após a decisão de Moscovo cortar o fornecimento de gás para a Europa. Fora de serviço, no entanto, os dois gasodutos continham gás quando foram danificados.
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