Tripulantes da TAP aprovam pré-aviso de greve para 8 e 9 de dezembro

O principal sindicato que representa os tripulantes de cabine da TAP aprovou, em assembleia geral, um pré-aviso de greve para os dias 8 e 9 de dezembro.

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) aprovou, por larga maioria, um pré-aviso de greve na TAP para os dias 8 e 9 de dezembro, apurou o ECO. Será realizada uma nova assembleia a 6 ou 7 de dezembro para avaliar o andamento das negociações com a administração da companhia aérea.

“Basta. Não são os tripulantes de cabine que provocaram essa greve, foram os vários atos de gestão da empresa, os atropelos que a empresa tem feito aos tripulantes de cabine. Atropelos ao Acordo de Empresa, atropelos ao Acordo de Emergência [que instaurou os cortes salariais]. Atropelos à própria lei e os ataques que a empresa faz, nomeadamente a leis da maternidade”, justificou Ricardo Penarroias, presidente do SNPVAC, em declarações à RTP 3.

A TAP está a negociar com os vários sindicatos novos acordos de empresa para entrar em vigor após o fim dos acordos de emergência, em 2024. O sindicato dos tripulantes contesta a proposta já recebida. “Não podemos aceitar como base de negociação um Acordo de Empresa que transforma um tripulante da TAP num tripulante da Ryanair. Há mínimos”, afirmou o dirigente sindical.

“Quando eu recebo uma proposta que é abaixo do próprio Acordo de Emergência, é indigna para ser recebida pelo sindicato”, acrescentou Ricardo Penarroias. “Queremos respeito e queremos recuperar as nossas condições”.

O SNPVAC vai agora apresentar as suas exigências à administração da TAP. “A mensagem da administração não está a chegar aos tripulantes. Tem de mudar o chip. As nossas exigências não são lunáticas nem põem em causa o plano de recuperação. Se a empresa se quiser sentar de forma séria, nós também nos sentaremos. Cabe à empresa ter essa iniciativa“, disse o presidente do sindicato.

O SNPVAC avançou a 23 de outubro com um pedido de marcação de uma assembleia geral, com “caráter de urgência”, para debater a proposta de Acordo de Empresa feita pela TAP, que os tripulantes consideraram “inenarrável”.

“Chegou o momento da Direção, em conjunto com os seus Associados, debater o atual momento da Empresa e apresentar as conclusões retiradas pela Direção sobre a proposta de AE [Acordo de Empresa] enviada pela TAP, além de deliberar eventuais medidas a tomar – não descartando o recurso à greve”, escreveu o sindicato no comunicado enviado aos associados. Uma opção que ganhou mais força esta quinta-feira com a aprovação do pré-aviso.

Poucas horas antes da votação na assembleia geral do SNPVAC, o ministro das Infraestruturas tinha referido que uma paralisação teria um impacto muito negativo na companhia e que esperava a cooperação dos trabalhadores. “O trabalho com os sindicatos e as estruturas que representam a TAP vai continuar, mas o pior que podia acontecer, num momento em que a empresa está a recuperar e a dar os primeiros sinais positivos dessa recuperação, era termos uma greve”, afirmou Pedro Nuno Santos, durante a conferência de imprensa após o Conselho de Ministros.

Claro que causaria uma disrupção na vida da companhia, nos resultados que está a apresentar, sem ter em consideração o esforço tremendo que o povo português fez para que a TAP não desaparecesse em 2020″, acrescentou o governante. “Temos a expectativa, da parte dos trabalhadores, a cooperação para recuperarmos e conseguirmos salvar a companhia, que é a melhor forma de lhes salvar os empregos e os seus próprios rendimentos”, disse.

“Nós reconhecemos que essa ajuda foi essencial, a empresa é que parece que também esqueceu que os trabalhadores tiveram um impacto importante na recuperação da empresa. E esses não estão a ser recompensado”, afirmou Ricardo Penarroias, instado a reagir às declarações do ministro. “Isso não dá direito à empresa manter as condições. O atual Acordo de Emergência já não serve nem para a TAP, nem para os trabalhadores”, insistiu.

A CEO da companhia aérea também comentou a possibilidade de uma paralisação durante a conferência de imprensa de apresentação dos resultados do terceiro trimestre. “Uma greve seria um desastre porque iria por em causa todo o bom trabalho que foi feito pelos trabalhadores e pela empresa”, afirmou Christine Ourmières-Widener.

(Notícia atualizada às 18h05 com declarações do preisdente do SNPVAC)

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