Vender Novo Banco em 2015? Governo tinha um “cutelo em cima da cabeça”
O governador do Banco de Portugal diz que não vender o Novo Banco em 2015 foi acertado. Um Governo que tinha "um cutelo em cima da cabeça tinha de jogar com o tempo e a oportunidade", diz.
Carlos Costa defende que não vender o Novo Banco em 2015 foi o “acertado” para o banco e para a economia. O governador do Banco de Portugal explica na comissão de Orçamento e Finanças (COFMA) que o banco central não fez uma recomendação de venda, como fez agora, porque as “condições oferecidas não eram as melhores”. E acrescenta que o Governo teve de jogar com o tempo e as oportunidades, já que tinha um “cutelo em cima da cabeça”.
Não vender o Novo Banco em 2015 “foi acertado para o banco e para a economia”, diz Carlos Costa aos deputados na COFMA. O governador do Banco de Portugal refere que um “Governo que tinha um cutelo em cima da cabeça tinha de jogar com o tempo e oportunidade”.
"Um Governo que tinha um cutelo em cima da cabeça tinha de jogar com o tempo e oportunidade.”
Questionado por Carlos Silva, do PSD, sobre a razão pela qual o banco de transição não foi vendido nessa altura, o governador do Banco de Portugal dá três motivos. Em primeiro lugar, “em 2015, os riscos no balanço do Novo Banco ainda não estavam mapeados. Isto é importante porque o comprador, quando compra, compra com incerteza, se esses riscos não estão mapeados”.
Em segundo, “ainda não estavam definidos, pelo quadro do Mecanismo Único de Supervisão, quais eram os rácios de capitais que tinham de ser cumpridos. Existir um rácio de 10% ou 12% é muito diferente para um comprador, porque determina a injeção de capital que terá de fazer”.
“O terceiro é a própria situação do comprador. Tínhamos dois compradores de origem chinesa. O primeiro afastou-se, o segundo manteve-se em negociações exclusivas mas foi apanhado pela crise da bolsa de Shangai. Nunca nos explicou por que não avançou com uma oferta vinculativa mas, tendo nós um ano para cumprir a venda, não havia nenhuma razão para assumir esse risco”, explica Carlos Costa.
O governador esclarece também que as condições não eram as melhores. “O Banco de Portugal não decidiu não vender, decidiu não fazer uma recomendação de venda, como hoje fez. Porque entendíamos que as condições oferecidas não eram as melhores e, além disso, havia um ano concedido pela Direção-Geral da Concorrência que valia a pena aproveitar. A decisão foi acertada quer para o banco, quer para a economia portuguesa”, acrescenta.
Carlos Costa está no Parlamento pouco mais de dois anos depois da falência do BES. O governador explica, numa primeira fase da audição, a definição de perímetros e medidas tomadas no âmbito do processo de resolução do Banco Espírito Santo e a situação atual do Novo Banco. Numa segunda parte, prestará contas sobre a atuação do banco central na resolução do banco que faliu no verão de 2014.
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