Centeno fez “pressão psicológica” para provocar a sua renúncia, segundo Carlos Costa

  • Lusa
  • 16 Novembro 2022

"Carlos Costa e a sua equipa não tiveram dúvidas sobre uma concertação clara entre Mário Centeno e o Bloco de Esquerda para o fazer cair", lê-se no livro dobre o ex-governador.

O ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa acusa o então ministro das Finanças e seu sucessor na liderança do supervisor bancário, Mário Centeno, de “pressão psicológica” para provocar a sua renúncia, em concertação com o BE.

As acusações constam do livro “O Governador”, que resulta de um conjunto de entrevistas do jornalista do Observador Luís Rosa a Carlos Costa, que liderou o Banco de Portugal entre 2010 e 2020, e tem provocado polémica. Num capítulo intitulado “a estranha aliança entre Centeno e o Bloco para derrubar o governador”, Carlos Costa identifica vários momentos de tensão com o então ministro das Finanças Mário Centeno, entre os quais os lugares na administração do supervisor e a questão dos lesados, bem como o valor sazonal dos dividendos do Banco de Portugal.

No entanto, é sobre o caso Banif e a polémica “falha grave” que a tensão aumenta. “Carlos Costa e a sua equipa não tiveram dúvidas sobre uma concertação clara entre Mário Centeno e o Bloco de Esquerda para o fazer cair. Não pela invocação da “falha grave”, mas sim por via da pressão psicológica para provocar a renúncia”, pode ler-se na publicação.

Segundo o livro, contudo, o governador “ainda acreditava que António Costa nada tinha a ver com aquela pressão que considerava ilegítima”. Carlos Costa, que considera que o Bloco de Esquerda fez de “ponta de lança” de uma estratégia para promover o seu afastamento, argumenta que o partido liderado por Catarina Martins ambicionou ter representação no supervisor, quer devido às políticas de distribuição de dividendos, quer de política monetária.

De acordo com Carlos Costa, quando terminou o segundo mandato “as tomadas de posição por parte de alguns membros do Ministério das Finanças estiveram alinhadas e sincronizadas com as posições do Bloco de Esquerda”. E acrescenta: “As tomadas de posições de dirigentes do Partido Socialista não emparelham com aquelas posições tanto no conteúdo como no tempo, não obstante prosseguirem o mesmo objetivo, o de enfraquecer o governador”.

“Num segundo momento, visaram promover o desgaste e a desmotivação, na expectativa de provocar a demissão por cansaço: Ele vai cansar-se e demitir-se”, vincou.

O livro tem levantado polémica e o primeiro-ministro, António Costa, já afirmou que irá processar o ex-governador do Banco de Portugal por ofensa à sua honra, depois de, no livro, o antecessor de Mário Centeno ter relatado que foi pressionado pelo chefe do Governo para não retirar Isabel dos Santos do BIC.

O ex-governador do Banco de Portugal voltou a acusar, esta terça-feira, o primeiro-ministro de intromissão política junto do supervisor bancário no caso de Isabel dos Santos, argumentando que o confirma na mensagem escrita que lhe enviou. Já o primeiro-ministro acusou o ex-governador de ter escrito um livro com mentiras e deturpações a seu respeito e de ter montado uma operação política de ataque ao seu caráter, reiterando que já deu início ao processo judicial.

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