Exclusivo Lucros das empresas do PSI aumentam 53% para valor recorde
Todas as empresa do PSI aumentaram os lucros e as receitas, mas a estrela da Euronext Lisboa que mais brilhou nos primeiros nove meses do ano foi a Galp.
Com a apresentação das contas da Altri esta quinta-feira, o PSI encerra uma época de resultados recorde entre as maiores empresas cotadas na Euronext Lisboa.
Nos primeiros nove meses do ano, as 14 empresas cotadas no principal índice acionista da bolsa de Lisboa (de fora ficou a Mota-Engil que só apresenta contas semestrais) acumularam lucros de 3,3 mil milhões de euros, mais 53% que em igual período do ano passado.
São mais 1,1 mil milhões de euros que o contabilizado nos primeiros noves meses de 2021 e um valor muito próximo dos 3,5 mil milhões de euros de lucros gerados em 2020 e 2021, no mesmo período, somados. É um valor histórico.
Entre janeiro e setembro, as 14 empresas do principal índice acionista da Euronext Lisboa faturaram mais de 72,5 mil milhões de euros, um aumento de 43% face ao mesmo período do ano passado.
Para se ter uma ideia, nos últimos dez anos, apenas por duas ocasiões (2017 e 2018) as empresas do PSI (que já chegaram a ser duas dezenas de empresas) tiveram lucros num ano inteiro acima dos 3,3 mil milhões de euros.
No entanto, João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa, coloca alguma água na fervura referindo que estes “são os valores que mais ou menos o mercado estava à espera”, sublinhando que 2020 foi um ano marcado pela pandemia.
Além disso, destaca ainda que o bom desempenho das empresas do PSI se ficou a dever a três importantes vetores no decorrer do último ano: regularização da logística operacional das empresas, subida dos preços dos produtos e uma maior eficiência de custos que propiciou aumentos das margens.
Lucros recorde à boleia da Galp e da EDP Renováveis
Pedro Barata, gestor do fundo NB Portugal Acções, destaca pela positiva setor de distribuição e da banca por “se terem mostrado bastante resilientes num momento de inflação crescente”. O BCP aumentou os lucros em 63% enquanto a Sonae e a Jerónimo Martins registaram um crescimento dos lucros de 33% e 29%, respetivamente
No entanto, a Galp e a EDP Renováveis foram as principais responsáveis pelo recorde de lucros na praça portuguesa nos primeiros nove meses do ano. Ao registarem um crescimento dos lucros de 86% e 181%, respetivamente, o PSI viu os lucros engordarem 549 milhões de euros só à conta destas duas empresas, o equivalente a 54% dos 1,1 mil milhões de euros que as empresas do PSI lucraram a mais este ano face ao período homólogo de 2021.
Entre as 14 empresas que constituem o PSI não há uma que não tenha apresentado lucros. Em termos percentuais, a que mais se destacou foi a Greenvolt, que registou um crescimento de 243% dos resultados. No canto oposto está a EDP, que apesar de ter acumulado lucros de 517,6 milhões de euros entre janeiro e setembro, teve um crescimento homólogo de apenas 1,4%.
Galp supera EDP no topo das empresas que mais lucraram em 2022
Máquinas de fazer dinheiro
A economia nacional pode estar à beira de entrar numa crise, com muitas a famílias a sentirem na carteira os efeitos da subida das taxa de juro e da inflação, mas as empresas do PSI têm caminhado noutra direção.
Entre janeiro e setembro, as 14 empresas do principal índice acionista da Euronext Lisboa faturaram mais de 72,5 mil milhões de euros, um aumento de 43% face ao mesmo período do ano passado.
Na dianteira do pelotão esteve a Greenvolt, que aumentou em 134% as suas receitas. Porém, as empresas que mais contribuíram para o incremento de 21,8 mil milhões de euros do volume de negócios do PSI foram a Galp e a EDP: em conjunto, as duas companhias foram responsáveis por 72% deste crescimento.
Atualmente, as empresas do PSI apresentam uma dívida líquida equivalente a menos de duas vezes o seu EBITDA, praticamente o mesmo que tinham há um ano.
Só a petrolífera, ainda liderada por Andy Brown, faturou mais 9,3 mil milhões de euros este ano, um montante 82% acima do contabilizado entre janeiro e setembro de 2021. Já a EDP viu as suas receitas cresceram, em termos homólogos, mais 5,8 mil milhões de euros (58%).
João Queiroz salienta que grande parte destes resultados se devem a uma forte aposta na internacionalização por parte das empresas ao longo dos últimos anos, destacando que atualmente, na maioria das empresas do PSI, “grande parte dos resultados são já captados fora de Portugal”.
Os números da EDP espelham isso mesmo. No relatório dos resultados, a elétrica revela que os lucros de 518 milhões de euros foram “totalmente suportados pelo bom desempenho das operações internacionais, com destaque para a atividade de energias renováveis na Europa e das operações de redes de eletricidade no Brasil”, destacando que a operação em Portugal apresentou prejuízos de 181 milhões de euros.
Receitas acima dos 72 mil milhões de euros
Margens elevadas travam riscos de endividamento
As contas dos primeiros nove meses do ano mostram também uma subida de 20% do nível de endividamento das empresas. De acordo com dados compilados pelo ECO, a dívida líquidas das empresas do PSI passou de 26 mil milhões de euros em setembro de 2021 para 31 mil milhões de euros em setembro deste ano.
No entanto, este aumento de 5,1 mil milhões de euros não se traduziu em níveis de endividamento mais elevados. Mesmo a EDP Renováveis, que aumentou em 68% a sua dívida líquida por conta de investimentos de 4,4 mil milhões de euros no período (duas vezes mais que em igual período do ano passado), mantém uma dívida líquida equivalente a 3,75 vezes o seu EBITDA, apenas 3,6% acima do rácio registado no ano passado.
“O valor da dívida da EDP Renováveis está dentro do que era estimado pelo que não vejo aí qualquer problema para o futuro da empresa”, refere ainda Pedro Barata, que no final de outubro tinha a empresa de energias renováveis como terceira maior posição do fundo de ações portuguesas que gere.
Atualmente, as empresas do PSI apresentam uma dívida líquida equivalente a menos de duas vezes o seu EBITDA, praticamente o mesmo que tinham há um ano. Isto mostra a grande capacidade que todas as empresas demonstraram ao longo dos primeiros nove meses do ano em faturarem e fazerem dinheiro.
Por exemplo, a NOS e a REN trabalham hoje com margens de lucro de 28% e 24%, respetivamente, e a EDP Renováveis vai mais longe, alcançado uma margem de lucro de 30%, segundo dados da Bloomberg.
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