Funcionários do BCE ameaçam fazer greve em disputa salarial

  • Joana Abrantes Gomes
  • 7 Dezembro 2022

Representantes dos funcionários do BCE ameaçam protestar contra a falta de negociação por um maior aumento salarial, visto que consideram a proposta do banco insuficiente para compensar a inflação.

O Banco Central Europeu (BCE) propôs um aumento salarial de 4,07% aos seus trabalhadores, a entrar em vigor em 2023. Mas a Organização Internacional e Europeia de Serviços Públicos (IPSO, na sigla em inglês), que representa o pessoal da instituição liderada por Christine Lagarde, discorda do aumento proposto, considerando que não compensa a inflação em níveis cinco vezes superiores à meta de 2%. Se não chegarem a um compromisso, o sindicato ameaça fazer greve no início do próximo ano.

Não estamos satisfeitos“, disse o vice-presidente da IPSO, Carlos Bowles, em declarações à Bloomberg. “Com a inflação na Alemanha e na Zona Euro a rondar cerca de 8,5% este ano, significa uma perda substancial no poder de compra” e, caso os salários reais sejam inferiores aos do ano anterior, “prejudica a moral dos trabalhadores e também a sua confiança na instituição”, assinalou.

Este ano, a remuneração dos trabalhadores do BCE aumentou 1,48%, o que corresponde a menos de metade da taxa de aceleração da inflação na Alemanha em 2021. Daí que Bowles rejeite a metodologia do banco central para calcular os aumentos salariais, que se baseia nos desenvolvimentos nos bancos centrais dos países da Zona Euro e noutras instituições da União Europeia, embora sinalize possíveis vias de compromisso.

Queremos pelo menos uma negociação sobre os nossos salários, mas o BCE não está aberto a isso“, afirmou, acrescentando que a instituição também não está disposta a aprovar propostas como dias adicionais de férias no fim do ano. “Se uma abordagem negociada para encontrar um compromisso continuar a ser rejeitada pelo BCE, teremos de considerar ações de protesto no início do próximo ano“, admitiu o responsável.

O sindicato que representa os trabalhadores do Banco Central Europeu tentou anteriormente associar os aumentos salariais à inflação, mas o pedido foi recusado e Lagarde chegou a afirmar, em maio passado, que os ajustamentos salariais devem ser “razoáveis”.

Por sua vez, o BCE recusou comentar os pedidos do IPSO. Um porta-voz da instituição sediada em Frankfurt limitou-se a dizer que o processo do banco central “segue uma metodologia pré-definida” e “reflete a dinâmica salarial das instituições de comparação”, ao mesmo tempo que se aplica a “todo o pessoal”.

Em novembro, a presidente do BCE afirmou que os ganhos salariais estão a “crescer”, avisando que uma espiral salário-preço se revelaria “autodestrutiva” e prejudicaria a capacidade de produção da economia. Bowles, por seu lado, recorre à investigação dos funcionários do Fundo Monetário Internacional (FMI) de que um crescimento nominal-pago mais rápido não é “necessariamente um sinal de que se está a instalar uma espiral salário-preço”.

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