Cheias em Portugal: o que parou no país?

  • Mariana Marques Tiago
  • 13 Dezembro 2022

Durante esta terça-feira, Portugal ficou em alerta laranja face aos elevados níveis de precipitação. De escolas aos transportes públicos, passando pela agenda dos ministros, o que parou no país?

Durante a madrugada e a manhã desta terça-feira, todo o país ficou em alerta laranja face aos elevados níveis de precipitação. Foi na região de Lisboa que se registou o maior número de ocorrências: mais de 800. Ao longo do dia, de escolas aos transportes públicos, passando pela agenda dos ministros, o que parou no país ao longo do dia?

Transportes públicos falharam

Uma das primeiras infraestruturas da região de Lisboa a quebrar foram os transportes. Do metropolitano, aos autocarros da Carris, passando pelos comboios da CP, circular na cidade de transporte público foi quase impossível.

O metropolitano foi o primeiro dos três meios de transporte a recuperar e funcionar “sem constrangimentos”, sendo que as estações mais afetadas foram o Jardim Zoológico e Chelas. Mas pelas 12h00 a normalidade já estava reposta.

O mesmo não se pode dizer da Carris, cujos autocarros se viram afetados pelos cortes das estradas decretados pelas autoridades. Pelas 13h00, a empresa, que já estava a “recuperar a sua capacidade de transporte”, estava ainda “condicionada”, explicou a Autoridade Nacional de Proteção Civil.

No que toca aos comboios, ao longo do dia registaram-se perturbações nas linhas do Norte, Sintra, Cascais, Sul, Leste e na Concordância de Xabregas, tendo a circulação sido totalmente suspensa, por vezes.

Instituições de ensino fecharam portas

Logo pela manhã desta terça-feira – e parcialmente afetado pelas falhas na rede de transportes da região de Lisboa –, os estabelecimentos de ensino também foram motivo de caos. Isto porque muitos funcionários não conseguiram chegar ao seu local de trabalho, levando à necessidade de fechar as escolas. Noutros casos, foram as próprias direções que tomaram a decisão de fechar portas por questões de segurança.

O Ministério da Educação deu liberdade a cada instituição de ensino para decidir se encerrava ou não. Durante a manhã o número de estabelecimentos de ensino a dar o dia por terminado foi aumentando progressivamente. Foi o caso de escolas como o Liceu Pedro Nunes (Campo de Ourique), Escola Gil Vicente (Graça), Liceu Camões (Arroios) ou a Secundária José Gomes Ferreira (Benfica). Já em Oeiras todas as escolas encerraram, segundo ordens do presidente da câmara, Isaltino Morais.

À semelhança das escolas de ensino obrigatório, algumas instituições de ensino superior também fecharam portas esta terça-feira, substituindo as aulas presenciais por aulas online e adiando avaliações. Foi o caso da Faculdade de Direito do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, ambos da Universidade de Lisboa.

“Constrangimentos pontuais” na distribuição de encomendas

Também a distribuição de correio e encomendas foi afetada durante esta terça-feira. A situação foi antecipada pelos CTT – Correios de Portugal, que anunciaram que era esperado que as distribuições sofressem “constrangimentos pontuais em algumas zonas do país”, citou a agência Lusa.

“Alheios a esta situação e às fortes perturbações que estão a ser sentidas na circulação rodoviária, as situações mais complexas – abastecimento e distribuição –, na manhã desta terça-feira, verificam-se no MARL, em Lisboa, no Centro Operacional da Perafita, no Porto, e nas zonas do Alentejo e Algarve”, adiantou a agência, referindo que as operações para as ilhas também seriam afetadas.

Cheias em Algés - 13DEZ22

Ministros alteraram as agendas

A chuva intensa levou também à alteração da agenda dos membros do Governo.

Ao início do dia registou-se o cancelamento da deslocação de Nuno Fazenda a Loures. O secretário de Estado do Turismo ia visitar as superfícies comerciais e o comércio local, de forma a ficar a par dos prejuízos causados pela chuva registada no passado dia 7 de dezembro.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais também viu a sua agenda mudar. Nuno Félix não pôde marcar presença no Tax Summit, da Deloitte, após adiamento do evento para quarta-feira às 14h30.

Também a sessão de apresentação do pacote de medidas de apoio extraordinário às empresas com “consumos relevantes de eletricidade e gás” foi adiada para o início da tarde de quarta-feira. No encontro estaria também o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, e o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes.

Cortes no abastecimento de água e energia

Verificou-se também um corte no abastecimento de água na Marinha Grande, no distrito de Leiria, avançou a agência Lusa. A câmara municipal esclareceu que “na sequência do mau tempo dos últimos dias (…) o abastecimento de água em alguns lugares da Marinha Grande, nomeadamente nas zonas de Picassinos e Comeira, está a ser afetado”.

Registou-se também uma falha energética de norte a sul do país, reportou a E-REDES. Segundo a distribuidora, houve algumas centenas de casos, um número considerado “residual”.

“A situação vivida é tida como normal, com o registo de algumas centenas de casos de falhas de iluminação a norte e a sul do país, o que, numa rede de seis milhões [de clientes], é um número residual”, citou a Lusa.

A E-REDES adiantou ainda que ativou o Plano Operacional de Operação em Crise, que permite à distribuidora estar preparada para “atuar e dar resposta a situações de anomalia da rede que possam verificar-se”.

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