Nova vaga de Covid-19 coloca pressão sobre hospitais na China. Autoridades deixam de divulgar números diários
Dados do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças indicam que número de infeções num dia possa ter chegado a 37 milhões. Autoridades decidem deixar de divulgar casos diários.
Numa altura em que a China atravessa uma nova vaga de contágios por Covid-19 — depois de ter deixado cair algumas restrições no âmbito da política Covid-zero que vigoravam há quase três anos — as unidades de cuidados intensivos (UCI) nos hospitais em Pequim mostram sinais de estar sob pressão.
À Reuters, o médico Howard Bernstein admite nunca ter testemunhado o volume de pacientes que se dirigem ao hospital onde trabalha, o Beijing United Family Hospital, descrevendo que a maioria é idosa e que manifesta não só sintomas de Covid-19, como também de pneumonia.
“Os hospitais estão sobrelotados, de cima abaixo”, disse em declarações à agência, acrescentando que as UCI “estão cheias”.
A descrição de um cenário de alta pressão sobre os hospitais acontece numa altura em que a Comissão Nacional de Saúde (CNS) chinesa anuncia que deixará de divulgar os números diários de infeções e mortes por Covid-19.
“A CNS deixa de publicar informação epidémica diária a partir deste domingo“, lê-se numa breve nota publicada pela agência estatal Xinhua. “Qualquer informação relevante será divulgada pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, para efeitos de investigação.”
O comunicado não abalou as bolsas asiáticas que, esta segunda-feira, negoceiam em alta com a Bolsa de Xangai e a Nikkei, no Japão, a subirem 0,65% para 3.065,56 e 26.405,8 pontos, respetivamente.
A decisão da CNS acontece depois de fontes presentes numa reunião à porta fechada, na semana passada, terem revelado ao Financial Times que as autoridades chinesas estimam que cerca de 250 milhões de pessoas, ou 18% da população, tenham sido infetadas com Covid-19 nos primeiros 20 dias de dezembro, altura em que Pequim cedeu aos protestos e deixou cair as restrições que vigoravam há três anos.
As estimativas — que preveem também que, pelo menos, 37 milhões de pessoas, ou 2,6% da população tenha sido infetada só na terça-feira, 20 de dezembro — foram reveladas por Sun Yang, vice-diretor do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças durante a reunião, dando conta de que a taxa de propagação do vírus no país está a aumentar.
A discrepância é relevante face aos números oficiais, divulgados publicamente pela CNS chinesa, que anunciou a existência de 62.592 casos sintomáticos nos primeiros vinte dias de dezembro, escreve o Financial Times. Já no sábado, 24 de dezembro, anunciou 4.103 casos relativos a sexta-feira, sem mortes a registar desde quinta.
A falta de informações oficiais publicadas levou Washington e a Organização Mundial da Saúde a pressionar Pequim a ser mais transparente sobre a contagem de casos, gravidade da doença, números de internamentos nos hospitalares e outras estatísticas de saúde que foram amplamente disponibilizadas por outros países durante o pico da pandemia, em 2020 e 2021.
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