“Pela bitola de Sampaio AR já devia ter sido dissolvida quatro vezes”, diz Santana Lopes

Pedro Santana Lopes considera que “se fosse pela bitola de Jorge Sampaio a Assembleia da República já devia ter sido dissolvida umas quatro vezes”. Em declarações à Rádio Observador o antigo primeiro-ministro, que cessou funções depois de o então Presidente da República ter dissolvido o Parlamento na sequência da ida de Durão Barroso para presidente da Comissão Europeia, admite que “as circunstâncias são diferentes”, mas o Governo foi “politicamente atingido” com a saída de Pedro Nuno Santos e, por isso, António Costa deveria apresentar a demissão.

“À luz dos cânones das democracias europeias, o que era normal era, face à gravidade do que aconteceu, o primeiro-ministro apresentar a demissão deste Governo e o Presidente da República pedir para voltar a formar novo Governo”, explicou o atual presidente da Câmara da Figueira da Foz. Seria um “gesto político que lhe dava mais força e legitimidade”, acrescenta.

O social-democrata defende que o PSD deveria apresentar uma moção de censura ao Governo e ir preparando “uma alternativa, porque as pessoas não têm a perceção que que existe uma alternativa”, disse. Este foi um discurso que começou já a ser ensaiado ontem por Miguel Pinto Luz.

Santana acredita que Pedro Nuno Santos não sabia do valor da indemnização que Alexandra Reis recebeu com a saída da TAP – 500 mil euros – mas considera “imperdoável” que o secretário de Estado não tenha partilhado com o ministro um facto desta relevância.

Santana Lopes defendeu ainda que Pedro Nuno Santos “continua a ter condições” para vir a disputar a liderança do Partido Socialista. “Tem muita máquina, muito aparelho e, no futuro, vai aparecer como alguém que não sabia e teve a dignidade de Jorge Coelho em assumir a responsabilidade por atos que não eram dele. E mesmo que tenha errado, não digo que o tempo tudo cura, mas [cura] quase tudo e também em política”, frisou