Sobe para 300 número de presos após invasão a instituições públicas no Brasil

  • Lusa e ECO
  • 9 Janeiro 2023

A Polícia Militar já conseguiu recuperar o controlo das três instituições invadidas no domingo. O governador do Distrito Federal de Brasília foi afastado por juiz do STF após os ataques.

Pelo menos 300 simpatizantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro foram presos por invadir e destruir as sedes do Congresso, da Presidência e do Supremo Tribunal Federal, numa alegada tentativa de derrubar o Governo.

Numa mensagem publicada na rede social Twitter, a Polícia Civil de Brasília informou que já havia “300 presos. As investigações seguem até que o último integrante seja identificado”.

Horas antes, o ministro da Justiça do Brasil, Flávio Dino, tinha alertado que o número de detidos devido à suposta tentativa de golpe contra o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia aumentar nas próximas horas. O ministro também informou que apreenderam 40 autocarros que chegaram à capital brasileira nas últimas horas com centenas de apoiantes de Bolsonaro, que invadiram a região central de Brasília onde realizaram atos violentos.

Dino acrescentou que as autoridades irão trabalhar para identificar os financiadores dos atos que possibilitaram viagens de simpatizantes do antigo presidente brasileiro, que saíram de diferentes partes do país.

O episódio vivido no domingo em Brasília relembrou a invasão do Capitólio dos Estados Unidos, ocorrida em 6 de janeiro de 2021 por apoiantes do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que mantém uma relação amistosa com Jair Bolsonaro.

Apoiantes de Bolsonaro invadiram e vandalizaram no domingo as sedes dos três poderes do país em Brasília, obrigando a intervenção federal para repor a ordem e suscitando a condenação da comunidade internacional.

A Polícia Militar conseguiu, entretanto, recuperar o controlo da sede do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, assim como desocupar totalmente a Praça dos Três Poderes, na capital brasileira.

A invasão começou depois de militantes da extrema-direita brasileira apoiantes do anterior presidente, derrotado por Lula da Silva nas eleições de outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Sindicato alerta para ataques terroristas nas refinarias do Brasil

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) alertou para possíveis ataques às refinarias da petrolífera brasileira Petrobras, na sequência das invasões às sedes dos três poderes em Brasília por parte de simpatizantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. “Estes possíveis atos podem colocar em risco os ativos da Petrobras, a integridade física dos trabalhadores destas unidades, assim como o entorno destes ativos e comprometer o fornecimento de combustíveis para a população”, alerta a FUP.

“Neste sentido, entendemos ser fundamental que a empresa se prepare e acione todos os meios necessários para garantir a segurança dos trabalhadores e das unidades produtivas da empresa e o abastecimento dos mercados”, acrescentou, lembrando a circulação de mensagens nas redes sociais em que manifestantes indicam que querem impedir o fornecimento de combustíveis à população.

Os apoiantes de Bolsonaro estarão a mobilizar, através das redes socais, ataques às refinarias da Petrobras em todo o país.

Em comunicado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, indicou que, “em articulação com as entidades vinculadas, tem garantido a normalidade do abastecimento nacional de combustíveis e o funcionamento adequado de refinarias, terminais e bases de distribuição”. Silveira prometeu acompanhar com atenção a situação dos protestos nessas infraestruturas e garantir o fornecimento de combustíveis.

A presidente do Partido dos Trabalhadores já acusou também manifestantes de terem bloqueado o acesso à Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) em Araucária, Curitiba, no estado do Paraná (sul), apontando para vídeos publicados nas redes sociais. “Os bandidos agora estão tentando impedir as refinarias de distribuir combustíveis. Esse vídeo é de delinquentes lá no Paraná, que estão à frente da Repar, em Araucária. O governo do Estado vai deixar?”, escreveu Gleisi Hoffmann, na rede social Twitter.

O Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva decretou a intervenção federal em Brasília depois de centenas de apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro terem no domingo invadido e vandalizado o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal, sedes dos poderes legislativo, executivo e judicial.

Os manifestantes, que furaram as barreiras de proteção da polícia, pediam uma intervenção militar para derrubar Lula da Silva, uma semana após a sua tomada de posse.

O ex-presidente Jair Bolsonaro demarcou-se, no domingo, das invasões de edifícios públicos em Brasília feitas no domingo pelos seus apoiantes e repudiou as acusações de ter estimulado os ataques. “Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra”, escreveu Jair Bolsonaro, na sua conta oficial na rede social Twitter.

Governador do Distrito Federal afastado pela Justiça do Brasil após ataques

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi afastado esta segunda-feira do cargo por 90 dias pelo juiz Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), horas após ataques de ‘bolsonaristas’ a instituições públicas, em Brasília. A decisão de Moraes surge em resposta a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), órgão público que representa o Governo Federal brasileiro em tribunais, e do senador e líder do Governo brasileiro no Congresso, Randolfe Rodrigues.

Na decisão, Moraes avaliou que Ibaneis Rocha e Anderson Torres, ex-secretário de Segurança do Distrito Federal que foi ministro da Justiça até quase ao fim do Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, terão atuado com negligência e omissão.

“O descaso e conivência do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e, até então, Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres – cuja responsabilidade está sendo apurada em petição em separado – com qualquer planeamento que garantisse a segurança e a ordem no Distrito Federal, tanto do património público – Congresso Nacional, Presidência da República e Supremo Tribunal Federal – só não foi mais acintoso do que a conduta dolosamente omissiva do Governador do DF [Distrito Federal], Ibaneis Rocha”, afirmou o juiz.

Moraes lembrou que o governador, que é responsável pela segurança pública da cidade de Brasília, “deu declarações públicas defendendo uma falsa ‘livre manifestação política em Brasília’ – mesmo sabedor por todas as redes que ataques às instituições e seus membros seriam realizados”.

O juiz acusou ainda Ibaneis Rocha de ter dado “amplo acesso” à esplanada dos Ministérios, ignorando “todos os apelos das autoridades para a realização de um plano de segurança” semelhante aos implementados nas celebrações da independência do Brasil, assinalada a 7 de setembro.

O juiz também determinou o fim, no espaço de 24 horas, dos acampamentos de apoiantes de Bolsonaro em frente aos quartéis militares em várias cidades do Brasil e a imediata desobstrução de todas as vias públicas onde o trânsito tenha sido interrompido pelos ‘bolsonaristas’ que não aceitaram o resultado das presidenciais realizadas em outubro, que culminaram com a eleição do atual Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

Moraes classificou a invasão e destruição de instituições públicas no domingo em Brasília como “desprezíveis ataques terroristas à democracia e às instituições republicanas” e afirmou que os participantes “serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores e os anteriores e atuais agentes públicos coniventes e criminosos, que continuam na ilícita conduta da prática de atos antidemocráticos.”

“O comportamento ilegal e criminoso dos investigados não se confunde com o direito de reunião ou livre manifestação de expressão e se reveste, efetivamente, de caráter terrorista, com a omissão, conivência e participação dolosa de autoridades públicas (atuais e anteriores), para propagar o descumprimento e desrespeito ao resultado das Eleições Gerais de 2022, com consequente rompimento do Estado Democrático de Direito e a instalação de um regime de exceção”, acrescentou.

Apoiantes de Bolsonaro roubaram armas do palácio presidencial

Um ministro e um deputado brasileiros denunciaram que apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro roubaram armas de fogo, guardadas no palácio presidencial em Brasília, aquando da invasão, no domingo, das sedes dos três poderes do país.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência brasileira, Paulo Pimenta, mostrou dois estojos de armas de fogo vazios, em cima de um sofá parcialmente queimado no Palácio do Planalto, de acordo com um vídeo e fotografias divulgadas na rede social Twitter.

O deputado Wadih Damous, que acompanhou Paulo Pimenta, sublinhou que os assaltantes “tinham informações” sobre o que estava guardado no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, uma vez que levaram armas, munições e documentos.

Apesar dos danos causados, o Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, garantiu que vai retomar hoje os trabalhos no Palácio do Planalto, numa mensagem divulgada no domingo no Twitter. “Os golpistas que promoveram a destruição do património público em Brasília estão sendo identificados e serão punidos (…). Democracia sempre”, salientou.

Lula da Silva deslocou-se no domingo à noite à sede do Executivo brasileiro para conferir os estragos provocados no local, indicou o canal de televisão TV Globo. O chefe de Estado brasileiro foi ainda recebido pela presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, na sede do tribunal.

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