NATO e UE querem aumentar segurança com um olho em Moscovo e outro na China
Os presidente da Comissão Europeia, Conselho Europeu e secretário-geral da NATO assinaram a 3.ª Declaração Conjunta de Cooperação para fazer face à ameaça da Rússia e a crescente influência da China.
Os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu e o secretário-geral da NATO assinaram esta terça-feira a terceira Declaração Conjunta de Cooperação para fazer face à contínua ameaça da Rússia e a crescente influência da China.
Elevar a cooperação entre os Estados-membros da União Europeia (UE) e os países que compõem a Aliança do Tratado do Atlântico Norte (NATO) “para o próximo nível”. A mesma expressão foi utilizada pela presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, e pelo secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, para descrever o propósito da assinatura desta declaração.
A entrar em 2023, os três líderes apresentaram o principal desafio que os países ocidentais têm pela frente: a ameaça da Federação Russa que continua presente e sem fim à vista quase um ano depois da invasão da Ucrânia.
Nas palavras de Stoltenberg, as ambições do Presidente russo, Vladimir Putin, “falharam redondamente”. Putin ambicionava conquistar Kiev em poucos dias, mas os ucranianos resistiram e ripostaram, o que levou a um conflito que está a entrar no primeiro ano e cujo desfecho não se vislumbra, enquanto se acumulam o número de vítimas mortais, a destruição de infraestururas críticas em território ucraniano e a inflação exacerbada pela guerra continua a progredir.
Stoltenberg acrescentou que, em paralelo, falharam também as intenções de dividir os países ocidentais, que em uníssono apoiaram a Ucrânia desde 24 de fevereiro, inicialmente através do acolhimento de refugiados e a imposição de sanções a Moscovo, e agora com a perspetiva em cima da mesa de enviar ainda mais armamento.
Contudo, o secretário-geral da NATO advertiu, pela segunda vez em menos de uma semana, para a necessidade de perceber que o panorama da segurança na Europa nunca mais vai ser o mesmo e que os países (Estados-membros da UE e/ou da NATO) têm de estar preparados.
Em consonância com Stoltenberg, Ursula von der Leyen e Charles Michel disseram que a ameaça russa aproximou ainda mais o bloco comunitário e a aliança militar, mas a China também levanta preocupações. A ideia de que poderá querer capitalizar esta destabilização na Europa para se apresentar como a grande potência a nível mundial faz com que Bruxelas e a NATO tenham de olhar para Pequim com atenção redobrada.
“A ameaça russa é a mais imediata, mas não é a única. Também assistimos às tentativas crescentes da China de remodelar a ordem internacional em seu proveito, e por isso temos de reforçar a nossa própria resiliência“, declarou von der Leyen, ladeada por Michel e Stoltenberg.
A presidente da Comissão Europeia especificou que a declaração conjunta dedica um dos 14 pontos à China, um player gigante no panorama geopolítico internacional que agora impulsionou uma era de “crescente assertividade” das suas políticas, que “apresentam desafios” que UE e NATO têm de enfrentar.
Entre as prioridades está a intensificação do “combate às ameaças híbridas e cibernéticas, e ao terrorismo”, numa altura em que o que se ouve mais são tentativas de ingerência em processos eleitorais e ataques a infraestruturas críticas por hackers, muitas vezes atribuídos a Moscovo.
“Intensificaremos a cooperação em tecnologias emergentes e disruptivas e no espaço. E vamos abordar as iminentes implicações da crise climática para a segurança e reforçar a resiliência das nossas infraestruturas críticas”, disse a antiga ministra da Defesa alemã.
Von der Leyen resumiu o último ano em duas palavras: “unidade e determinação” da UE e da NATO, enquanto o presidente do Conselho Europeu referiu que saiu o tiro pela culatra a Putin: “Vai ter mais NATO e vai ter mais UE. Na verdade, estamos mais próximos do que nunca”.
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