Siemens e Talgo fora do concurso dos 117 comboios da CP
Compra de 55 comboios regionais e de 62 automotoras para o serviço suburbano passa para a última fase com o consórcio Alstom/DST, CAF e Stadler.
Sobram três candidatas na compra de 117 novos comboios para a CP. O consórcio germano-espanhol Siemens/Talgo está fora do concurso de 819 milhões de euros lançado pela transportadora ferroviária em dezembro de 2021 para fornecer novas composições para o serviço suburbano e regional.
Restam na competição o consórcio franco-português Alstom/DST, os suíços da Stadler e os espanhóis da CAF, segundo informação adiantada pelo jornal Expansión (acesso pago, conteúdo em espanhol) e confirmada pelo ECO nesta quarta-feira junto de duas fontes ligadas ao processo. Anteriormente já tinham sido afastados os chineses da CRRC e os japoneses da Hitachi.
Os três candidatos entram, assim, para a fase final de negociação com a CP. Além do fornecimento dos comboios, o concurso público dá mais pontos a quem incluir maior incorporação nacional e ainda construir uma unidade de produção junto à oficina de manutenção de material circulante de Guifões. Para já, a Alstom é a única empresa que já se comprometeu em construir uma fábrica de comboios em Portugal, contando para isso com a DST.
“Estamos decididos a apoiar a transferência de tecnologia para o país, para que seja possível voltar a fabricar comboios em Portugal. Juntamente com a parceria com o Grupo DST, a proposta da Alstom é a única com ADN português completo: comboios para Portugal, totalmente fabricados em Portugal”, comenta ao ECO por escrito o diretor-geral da Alstom para Portugal e Espanha, David Torres.
Esta é a segunda vez que a Talgo perde um concurso de comboios nos últimos anos, depois de ter sido afastada do contrato para o fornecimento de 22 novos comboios regionais para a CP. Os suíços da Stadler ganharam esta competição em dezembro de 2019. Os alemães da Siemens ajudaram a construir as locomotivas 5600 (que rebocam carruagens Intercidades da tranportadora pública ferroviária).
No concurso dos 117 comboios, 62 automotoras elétricas serão utilizadas nos serviços suburbanos da CP; as restantes 55 servirão para o serviço regional, substituindo as automotoras UTE 2240, também conhecidas como “Lili Caneças”, por terem sido modernizadas na parte exterior entre 2003 e 2005 mas por manterem a carroçaria original, das décadas de 1970 e 1980.
No serviço suburbano, a Linha de Cascais será contemplada com 34 unidades, substituindo as composições das séries 3150 e 3250, modernizadas no final da década de 1990 mas com carroçaria originária dos anos 1950. Outras 16 automotoras vão reforçar a operação nas linhas de Sintra, Azambuja e Sado; haverá ainda 12 automotoras para reforçar os serviços urbanos do Porto. Haverá ainda a opção para encomendar, até 2028, mais 24 composições para a Grande Lisboa e outras 12 para o Grande Porto.
O vencedor do concurso deverá ser anunciado até ao final de março deste ano, mais de ano e meio depois da aprovação em Conselho de Ministros. As primeiras unidades serão entregues em 2026.
(Notícia atualizada às 16h49 com comentário da Alstom)
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