“Eu quero muito o Papa em Lisboa e vou fazer tudo por isso”, diz Moedas

  • ECO
  • 26 Janeiro 2023

Presidente da Câmara de Lisboa diz que autarquia vai investir 35 milhões de euros na Jornada da Juventude e que isso terá "retorno na economia" e trará "visibilidade à cidade".

Carlos Moedas diz que vai “fazer tudo” para concretizar a Jornada da Juventude, que acontece em Lisboa entre 1 e 6 de agosto e cujo altar-palco vai custar uns polémicos cinco milhões de euros. O autarca disse ainda que, da parte da autarquia, o investimento não vai superar os 35 milhões de euros.

“Os lisboetas querem ou não o Papa no maior evento de sempre em Lisboa? Eu quero muito e vou fazer tudo por isso“, disse o presidente da Câmara de Lisboa, em declarações aos jornalistas esta quinta-feira. “Quando cheguei [à Câmara de Lisboa], a minha preocupação foi limitar os custos. Fui eu que disse que a Câmara de Lisboa não ia gastar mais do que 35 milhões de euros”, acrescentou.

“Respeito as opiniões, mas faço o que for necessário”, continuou o autarca, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter dito que espera um evento com uma “visão simples, pobre e não triunfalista”. “Farei aquilo que entenderei”, sublinhou Carlos Moedas que, no entanto, se mostra disponível para rever projetos e custos e fazer “a vontade do Presidente da República e da Igreja”.

“Vamos ter mais de 190 países a olhar para Portugal. Vamos ser o centro do mundo“, disse o autarca de Lisboa, excluindo a hipótese de refazer o projeto. Moedas tentou desvalorizar a controvérsia em torno do custo do altar-palco da Jornada, ao exemplificar que só o Governo iria gastar “entre casas de banho e écrans” cerca de oito milhões de euros.

“Temos de ter um sentido de dimensão”, notou, referindo o “retorno na economia” e a “visibilidade da cidade”. O autarca social-democrata lembrou o caso espanhol em que um investimento de 60 milhões de euros no evento teve um retorno de 350 milhões. “Dou o corpo às balas. Estou aqui com coragem a assumir aquilo que é um evento único para Lisboa. Não vamos ter outro com esta dimensão”, disse.

Afirmando estar “muito bem” com a sua consciência, Carlos Moedas disse que, em vez de um ajuste direto à Mota-Engil, poderia ter feito um concurso público “se as coisas tivessem sido feitas” no mandato de Fernando Medina.

Os vereadores do PS na Câmara de Lisboa já responderam que “é totalmente falso” que o atual autarca da capital tenha começado “do zero” o trabalho de preparação da Jornada. “É totalmente falso e facilmente desmentível que, quando Carlos Moedas assumiu o cargo, este tenha começado o trabalho de preparação da Jornada da Juventude ‘do zero’ e que ‘não estava nada feito’”, garantem, em comunicado, os socialistas.

“Se algum motivo atrasou os procedimentos foi a indefinição permanente dentro da CML com a pasta da Jornada, levando mesmo à demissão da vereadora responsável pela sua coordenação, Laurinda Alves”, apontam ainda. Os socialistas locais indicam também que “até o projeto para o palco estava desenhado e pronto há vários meses” e passava por uma “solução bastante mais simples e menos dispendiosa que a atual, não necessitando sequer da construção de fundações para suportar o peso da pala gigantesca entretanto exigida”.

A vereação do PS afirma que a contratação por ajuste direto das obras “foi uma escolha de Carlos Moedas, não havendo qualquer razão para o fazer que não a escolha política feita pela sua equipa”. E criticam o executivo municipal por “ocultar o caderno de encargos, nas duas empreitadas do palco, do portal de contratação pública, ao contrário do que acontece com todos os outros contratos”.

Esta quinta-feira, em conferência de imprensa, o bispo auxiliar de Lisboa disse ter ficado “magoado” com o montante do investimento previsto para a Jornada e adiantou que a Igreja vai reunir “nos próximos dias” com os responsáveis pelo projeto para perceber “qual a razão” deste valor.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

“Eu quero muito o Papa em Lisboa e vou fazer tudo por isso”, diz Moedas

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião