Fabricantes de automóveis europeus estimam vender mais 5% em 2023
"O mercado deverá começar a recuperar em 2023”, antecipa a diretora-geral da ACEA. Na transição para motores elétricos, a indústria da UE representa 19,4% do mercado mundial.
A Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) estimou esta terça-feira que as vendas de automóveis na União Europeia cresçam 5% em 2023 em termos homólogos, para 9,8 milhões, mas ainda abaixo dos valores anteriores à pandemia da covid-19. “Apesar das muitas incertezas que se avizinham, o mercado deverá começar a recuperar em 2023”, afirmou a diretora-geral da ACEA, Sigrid de Vries, em conferência de imprensa citada pela agência France-Presse (AFP), registando que em 2022 as vendas foram 9,3 milhões de unidades – 10,4% abaixo que em 2021 e o valor mais baixo em 30 anos.
Nos cinco principais mercados da União Europeia (UE), os registos de carros novos aumentaram na Alemanha (incremento de 1,1%) e baixaram em Itália (-9,7%), França (-7,8%) e Espanha (-5,4%). Os fabricantes europeus pedem à indústria para “reforçar a sua posição no cenário global” no imediato.
Na transição para motores elétricos, a indústria da UE representa 19,4% do mercado mundial de automóveis de passageiros, enquanto EUA somam 19,3%, a América do Sul 4,2% e a Ásia 52%. “A nossa indústria teve durante muito tempo uma vantagem competitiva através da cadeia de valor do motor de combustão. Este já não é o caso nos veículos elétricos”, admitiu o presidente da ACEA e presidente da Comissão Executiva do Grupo Renault, Luca de Meo.
O empresário italiano assinalou que “o apoio das autoridades locais e nacionais tem sido maciço e ainda está a crescer na China e nos Estados Unidos”. A ACEA enviou esta terça uma carta à Comissão Europeia, ao Parlamento Europeu e aos embaixadores dos Estados-membros na UE em que exige que os objetivos climáticos não sejam “irrealistas” e uma resposta europeia à Lei da Redução da Inflação dos EUA e ao plano Made In China 2025.
De Meo apontou que o plano norte-americano envolve “dinheiro elevado” e, “de muitas maneiras, tenta defender a produção local”. “Muitas marcas europeias exportam para os EUA e precisam de proteção”, sublinhou o empresário italiano, que acrescentou que os fabricantes europeus não pedem “protecionismo”, mas “um quadro competitivo”.
A indústria automóvel europeia pede “uma política industrial ambiciosa e estruturada para rivalizar com as de outras regiões do mundo”. A ACEA diz que esta política deve “salvaguardar e promover o comércio livre em todo o mundo”, uma vez que enfrenta um “desafio muito assimétrico”.
Por 2030, a indústria estima que apenas 5% dos materiais necessários para o fabrico de baterias sejam obtidos na Europa e que as matérias-primas representem 80% dos custos. Ainda assim, De Meo aponta que “hoje, com a transmissão para a mobilidade de emissões zero, esta indústria está num ponto de viragem”.
“Os decisores políticos europeus apontaram a trajetória e a indústria está determinada a produzir”, vincou, sobre um setor que gera 13 milhões de postos de trabalho e representa 11,5% dos empregos industriais na UE. A UE não permitirá a venda de automóveis com motor de combustão após 2035, exceto se houver o desenvolvimento de combustíveis sintéticos que não produzam dióxido de carbono.
O presidente da ACEA lamentou que as construtoras sejam obrigadas a reduzir as emissões em 100% até 2030, enquanto o setor da produção de energia apenas tem de efetuar uma redução de emissões em 70%. Atualmente, apenas 1,5% de todos os automóveis em circulação na UE são 100% elétricos, com a indústria a estimar alcançar os 25% até 2030.
De Meo apelou, por exemplo, para a aceleração da implantação de infraestruturas de carregamento público para assegurar a transição e servir um número crescente de veículos.
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