UE não tem direito de frustrar expectativas de adesão da Ucrânia, diz António Costa

  • Lusa e ECO
  • 9 Fevereiro 2023

Com Zelensky em Bruxelas para participar no Conselho Europeu, o primeiro-ministro português considerou que a "pior coisa" que a UE podia fazer era frustrar as expectativas de adesão da Ucrânia.

António Costa considerou também fundamental a União Europeia (UE) preparar-se para novos alargamentos, pois “a pior coisa” que podia fazer era frustrar as “grandes expectativas” criadas quanto ao processo de adesão da Ucrânia.

A última coisa que podemos fazer, que nenhum de nós tem direito a fazer, é frustrar as expectativas que agora foram criadas. Foram criadas, agora temos de as honrar”, declarou o primeiro-ministro à chegada à sede do Conselho Europeu, em Bruxelas, para uma cimeira que contará com a presença do Chefe de Estado ucraniano.

Além de previsivelmente aproveitar esta oportunidade para pedir mais apoio militar aos 27 para fazer face à ofensiva russa, Zelensky deverá reiterar o pedido para que as negociações formais para a adesão da Ucrânia tenham início ainda este ano, mesmo com o seu país em guerra.

Segundo António Costa, não é só a Ucrânia, mas também o conjunto da União Europeia que se deve preparar para uma adesão que vê agora como um compromisso que tem de ser honrado, mas que acarreta muitas implicações.

É cada vez mais urgente que a UE faça a reflexão não tanto sobre se a Ucrânia está a cumprir os critérios de adesão, mas se a UE está a preparar-se adequadamente para essa adesão, porque a pior coisa que podíamos fazer era criarmos agora grandes expectativas sobre o futuro europeu da Ucrânia e que fossem enormes frustrações a prazo”, sublinhou.

O primeiro-ministro reforçou que, “se é essencial que a Ucrânia preencha os requisitos para poder aderir, há um outro passo que é tão ou mais importante, que é a UE preparar-se ela própria para o que significa acolher um país da dimensão da Ucrânia”.

“E seguramente que esse alargamento à Ucrânia implicará necessariamente o alargamento a um conjunto de outros países, designadamente dos Balcãs Ocidentais. E, portanto, isso exige, para que tudo corra bem e não acabe numa enorme frustração para os países candidatos, que a UE se prepara do ponto de visa da sua arquitetura institucional e da sua capacidade orçamental para que esses processos sejam processos de sucesso e não uma frustração coletiva para todos nós”, declarou.

Questionado sobre se é realista o cenário de abertura de negociações a breve prazo com a Ucrânia, país ao qual a UE decidiu atribuir o estatuto de país candidato em junho de 2022, já em plena guerra, António Costa apontou que “essa avaliação só a Comissão Europeia pode fazer”, mas insistiu que “é claro que a UE criou entretanto um nível de expectativas relativamente ao futuro europeu da Ucrânia que neste momento não é possível frustrar”.

António Costa disse ainda que vai reiterar ao Presidente ucraniano, “todo o apoio à luta que a Ucrânia está a travar“, pois “seria uma tragédia para o mundo se o resultado desta guerra fosse uma vitória” da Rússia. “O dia de hoje vai ser obviamente marcado pela oportunidade de falar diretamente com o Presidente Zelensky”, e, questionado sobre qual a mensagem que transmitirá, disse que será aquela que Portugal tem sempre deixado desde o início da agressão militar russa, há quase um ano: disponibilidade para apoiar nas mais diversas formas a luta da Ucrânia em defesa do direito internacional.

Seria uma tragédia para o mundo se o resultado desta guerra fosse uma vitória daqueles que estão contra o direito internacional, que não respeitam o direito internacional, o direito à integridade dos territórios, o direito de soberania dos povos, o direito à autodeterminação de cada uma das nações. É fundamental assegurar essa vitória. Isso é absolutamente claro”, declarou o chefe de Governo.

De acordo com a CNN, António Costa disse ainda que não se opõe a fornecer aviões de guerra à Ucrânia, mas alertou que Portugal não pode abrir mão de nenhuma das suas aeronaves. Portugal tem 27 caças F-16, mas estes estão vinculados a vários compromissos da NATO, sustentou.

(Notícia atualizada às 11h05 com declarações de António Costa sobre adesão da Ucrânia à UE)

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