Países com sanções anti-Rússia estão a “penalizar-se a si próprios”, diz Putin

  • Lusa e ECO
  • 21 Fevereiro 2023

O Presidente russo, Vladimir Putin, descreveu o momento que o país vive como "difícil", mas assegurou que o desenvolvimento económico ia continuar mesmo com as sanções.

O Presidente russo, Vladimir Putin, garantiu esta terça-feira que a Rússia alcançará os seus objetivos na Ucrânia “passo a passo”, ao mesmo tempo que descreveu o momento que o país vive como “difícil”. Assegurou também que o desenvolvimento económico da Rússia irá continuar mesmo com as sanções, defendendo que os países que avançaram com estas estão a “penalizar-se a si próprios”.

“Para garantir a segurança do nosso país, para eliminar a ameaça representada pelo regime neonazi que surgiu na Ucrânia após o golpe de 2014, foi decidido realizar uma operação militar especial. Passo a passo, com cuidado e consistentemente, alcançaremos as tarefas que estamos enfrentando”, disse Putin, no seu discurso sobre o Estado da Nação perante as câmaras do Parlamento.

Putin defendeu ainda que o Ocidente começou “não apenas uma agressão militar e de informação, mas uma agressão económica” contra a Rússia. “Não obtiveram sucesso em nenhuma dessas áreas”, reiterou, salientando que “os promotores das sanções [anti-Rússia] estão a penalizar-se a si próprios”.

“Provocaram um aumento de preços nos próprios países, o fecho de fábricas, o colapso do setor de energia e estão a dizer aos seus cidadãos que a culpa é dos russos”, disse Putin. O presidente russo acrescentou ainda que as sanções não estão a ter efeito e que o governo russo tem planos para assegurar o “desenvolvimento económico” e travar o desemprego.

O discurso, primeiro sobre o Estado da Nação feito por Putin em quase dois anos, acontece três dias antes de ser assinalado o primeiro aniversário da ofensiva militar russa na Ucrânia, iniciada na madrugada de 24 de fevereiro de 2022. O Kremlin não permitiu que meios de comunicação social de países considerados como “inimigos” obtivessem acreditação para fazer a cobertura mediática do discurso.

O dia escolhido para o discurso, que será transmitido por todas as televisões públicas do país, coincide com a data em que Vladimir Putin assinou o reconhecimento da independência das repúblicas separatistas de Lugansk e de Donetsk, na região do Donbass (leste ucraniano). Nesse mesmo dia, 21 de fevereiro de 2022, Putin ordenou a mobilização do Exército russo para “manutenção da paz” nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, um prelúdio para o início da ofensiva militar contra a Ucrânia que aconteceria poucos dias depois.

Rússia suspende participação no tratado NEW START sobre armas nucleares

O Presidente russo declarou hoje que Moscovo suspende a sua participação no tratado New START, o último pacto de controlo de armas nucleares que restava com os Estados Unidos, aumentando a tensão com Washington sobre a invasão da Ucrânia.

Falando no seu discurso sobre o estado da nação, Vladimir Putin disse também que a Rússia deveria estar pronta a retomar os testes de armas nucleares se os Estados Unidos o fizessem, uma medida que poria fim à proibição global de testes de armas nucleares, em vigor desde os tempos da Guerra Fria.

Explicando a sua decisão de suspender as obrigações da Rússia no âmbito do New START, Putin acusou os Estados Unidos e os seus aliados da NATO de declararem abertamente o objetivo da derrota da Rússia na Ucrânia. “Eles querem infligir-nos uma ‘derrota estratégica’ e tentar chegar às nossas instalações nucleares ao mesmo tempo“, disse.

Putin argumentou que, enquanto os Estados Unidos pressionaram para o reinício das inspeções às instalações nucleares russas ao abrigo do tratado, os aliados da NATO tinham ajudado a Ucrânia a montar ataques com drones a bases aéreas russas que albergam bombardeiros estratégicos com capacidade nuclear.

“Os drones utilizados para o efeito foram equipados e modernizados com a assistência de peritos da NATO”, disse Putin. “E agora eles querem inspecionar as nossas instalações de defesa? Nas atuais condições do confronto parece um perfeito disparate”. Putin salientou que a Rússia está a suspender o seu envolvimento no New START e ainda não se está a retirar totalmente do pacto.

O tratado New START, assinado em 2010 pelo então Presidente dos Estados Unidos Barack Obama e pelo Presidente russo Dmitry Medvedev, limita cada país a não mais de 1.550 ogivas nucleares colocadas e 700 mísseis e bombardeiros colocados. O acordo prevê a realização de inspeções no local para verificar o cumprimento.

EUA classificam acusações de Putin sobre ameaça do Ocidente como um “absurdo”

Um alto responsável dos Estados Unidos denunciou hoje o “absurdo” das acusações do Presidente russo, Vladimir Putin, de que a ameaça ocidental contra a Rússia justificava a invasão da Ucrânia. “Ninguém está a atacar a Rússia. Há uma espécie de absurdo na ideia de que a Rússia estava sob alguma forma de ameaça militar da Ucrânia ou de qualquer outro”, disse aos jornalistas o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

Antevendo o discurso de Joe Biden, marcado para as 16:30 de hoje, no Castelo Real de Varsóvia, Sullivan disse que “[o Presidente] não traçaria nenhum tipo de plano para acabar com a guerra, por via diplomática”. Em vez disso, ele irá concentrar-se na lição mais ampla a ser aprendida com a guerra na Ucrânia no que ele vê como um “ponto de inflexão” numa luta global entre democracias e regimes autocráticos.

“Assim, os seus comentários falarão especificamente sobre o conflito na Ucrânia, mas é claro que ele também falará sobre a luta mais ampla entre (de um lado) os agressores que estão tentando destruir princípios fundamentais e (de outro lado) as democracias que se unem para tentar aplicá-las”, disse.

Em Varsóvia e Moscovo, Joe Biden e Vladimir Putin discursam em forma de duelo nesta terça-feira, apresentando dois pontos de vista radicalmente opostos sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, um dia após a visita surpresa do presidente americano a Kiev. O Presidente russo, Vladimir Putin, acusou hoje o Ocidente de querer impor à Rússia uma “derrota estratégica” na Ucrânia e acabar com o país “de uma vez por todas”.

“As elites do Ocidente não escondem o seu objetivo: infligir uma derrota estratégica à Rússia, ou seja, acabar connosco de uma vez por todas”, afirmou, num discurso sobre o Estado da Nação às duas câmaras do Parlamento, três dias antes do primeiro aniversário da ofensiva à Ucrânia. “A responsabilidade pelo fomento do conflito ucraniano e das suas vítimas (…) recai totalmente sobre as elites ocidentais”, disse o Presidente russo, repetindo a sua tese segundo a qual o Ocidente apoia as forças neonazis na Ucrânia para consolidar uma luta anti-Estado russo.

(Notícia atualizada às 12h15)

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