Homens Feministas: a oportunidade da contradição
Durante anos pergunto, seja a homens ou mulheres, o que significa feminismo. A maioria ainda pensa que ainda pensa que é o contrário de machismo. Mas não é.
Este artigo é para homens. Mas também não faz mal nenhum às mulheres lerem. É para os homens porque é do seu interesse. Porque a igualdade de género é do melhor que há para os homens.
Estudos demonstram que quanto mais igualitários são os países, mais felizes (e satisfeitos) se sentem os seus cidadãos (1, 2). Da mesma forma também se provou que nas empresas quanto maior é a igualdade de género, maior é a produtividade dos seus colaboradores. Como em tudo, nas relações pessoais passa-se o mesmo. Quanto mais igualitárias são as relações mais felizes são os seus parceiros e logo, mais felizes são os homens.
Que quer dizer relação igualitária? Relações igualitárias não são necessariamente iguais. Os homens e as mulheres são diferentes. Se é verdade que só as mulheres podem ter filhos, os homens têm em geral mais força, e por aí fora. Não devemos negar as nossas diferenças. Cada indivíduo é diferente e único, com gostos diferentes, vontades diferentes e ambições diferentes. Não são as diferenças que nos devem separar, mas sim unir e abrir o diálogo na inclusão.
Talvez a palavra mais importante seja partilha. A partilha das responsabilidades – que começa em casa, nas tarefas domésticas, na educação das crianças.
É sabido que a maioria do trabalho doméstico é feito pelas mulheres. Cada vez mais mulheres têm trabalhos que lhes ocupam o dia, fora de casa. Quando regressam, terem de fazer tudo sozinhas, deixa-as cansadas, irritadas, mais facilmente discutem e mais tristes vivem.
Quando os homens estão envolvidos nas lides domésticas e na educação dos filhos, as mulheres estão menos cansadas, dedicam-lhes mais tempo, acabam por ser mais saudáveis e felizes. Assim melhora-se o matrimónio e os homens estão mais (surpresa!) felizes.
Quando começou o feminismo a ter uma conotação negativa? Será que foi quando as mulheres foram para as ruas exigir o direito a voto, o direito à educação, o direito a não serem mutiladas ou abusadas física ou mentalmente, no fundo a querer ter uma voz?
Durante anos pergunto, seja a homens ou mulheres, o que significa feminismo. A maioria ainda pensa que ainda pensa que é o contrário de machismo. Mas não é.
Então será que devíamos criar uma palavra nova, por exemplo “Igualismo” em vez de feminismo?
A verdade é que o feminismo no mundo ocidental não apareceu ao mesmo tempo que o machismo. Surgiu há muito pouco tempo, porque as mulheres não tinham voz, nem o direito a votar, nem o direito a decidir sobre o seu corpo ou a viver sozinhas e serem independentes financeiramente. Apareceu para as meninas poderem ter direito à mesma educação que os meninos, para não sofrerem descriminação. Simplesmente porque nascem, meninas.
Imagine um mundo em que os rapazes crescem livres para chorar e sonham em ser professores e as raparigas podem também gostar de azul e serem bombeiras.
Imagine um mundo em que os homens partilham as responsabilidades da educação dos filhos. Um mundo em que os homens podem ajudar em casa sem se envergonharem. Um mundo em que os homens são feministas.
No relatório de Diferença de Género, do Fórum Económico Mundial, de 2022, o Ruanda aparece em sexto país da lista (não confundir com lista de países com melhor qualidade de vida: esta lista tem que ver com países onde a diferença de género é menor) dum total de 146 países. A situação no Ruanda está diretamente relacionada com o genocídio que há pouco mais de duas décadas matou a maioria dos homens. Portugal está em 29.º lugar.
Portugal não precisa de mortes para criar mais espaço para as mulheres. Nenhum País precisa. O que Portugal precisa é que os homens façam a sua parte nas tarefas domésticas.
Agora imagine ir para casa e fazer a sua parte.
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