Regresso do limite de 3% do PIB para défice “não é problema” para Portugal, diz Medina

Ministro das Finanças português defende que as metas para a dívida pública devem ser diferenciadas entre os Estados-membros, sendo que há níveis muito diferentes entre a União Europeia.

O ministro das Finanças defende que Portugal está preparado para o regresso da regra da União Europeia (UE) que define que o défice não deve ultrapassar os 3% do PIB. No entanto, Fernando Medina reitera que os limites da dívida a 60% devem ser revistos no âmbito da reforma das regras orçamentais da UE, que vão regressar em 2024 depois de terem sido suspensas devido à pandemia e à guerra na Ucrânia.

O debate sobre o novo quadro de metas para os orçamentos dos Estados-membros “é um desafio difícil”, nomeadamente quando “não sabemos quanto tempo vai demorar para ultrapassar esta crise”, assume Medina na conferência EU Economic governance framework reformfinding consensus to ensure sustainability and growth, que decorre na Eslovénia.

Nesta discussão, “a abordagem do mapa político é mais complexa do que no passado e mais desafiante”, salienta o ministro português, já que já não pode ser uma divisão entre os “frugais” (Áustria, Holanda, Dinamarca e Suécia) e os países do Sul. “Em Portugal, temos, pelo segundo ano, um défice público mais baixo que a Holanda”, destaca, sendo que os países do Norte e Leste têm agora “mais pressão nas finanças públicas dos custos de energia do que os países do Sul”, defende.

Um aspeto em que os países concordam já é de que “a regra dos 3% vai regressar”, algo que “não é problema para países como Portugal mas vai ser problema para países onde défices continuam a ser altos”, alerta Medina. No Orçamento do Estado para 2023, o Governo estimava um défice de 0,9% este ano.

a regra que limita a dívida pública a 60% do PIB é “rígida e pode ser demasiado difícil” para alguns países, admite Medina, pelo que os Estados-membros estão a discutir esta questão. “A dificuldade é que estamos numa área em que temos países com níveis de divida de 25% do PIB e outros com mais de 150%”, pelo que chegar a um quadro comum e ao mesmo tempo tratar com igualdade é um desafio.

Desta forma, um dos elementos que os países estão a considerar é ter metas específicas por país, dentro de um quadro geral, algo que já foi também sinalizado nas orientações orçamentais dadas pela Comissão esta quarta-feira para o próximo ano. “Há mais acordo na substância — temos de ter caminhos credíveis para redução da dívida no geral – mas a forma como chegamos a nova abordagem é sensível”, assume Medina.

O ministro português defende assim “o princípio da igualdade, traduzido em tratar de forma diferente o que é diferente, mas o que está na mesma circunstância é tratado da mesma forma”. “Se um país está com uma dívida de 180% tem tratamento diferente de país com 30%”, argumenta, mas quando estão no mesmo nível têm a mesma abordagem.

Respondendo a uma questão do público, Medina fala ainda sobre as mudanças nos mercados financeiros destacando que as alterações na política monetária estão a levar a “uma grande mudança na forma como os governos financiam dívida”. “Se olhar para o balanço do BCE, vê que está a reduzir a exposição à dívida”, o que “cria mais espaço para o setor privado e para o mercado estar lá”.

“O que vai acontecer é uma mudança na importância dos mercados que agora vão olhar mais para cada país”, pelo que esta é “uma área muito importante para focar”, defende. Isto num contexto em que “estamos a pagar mais nos juros do que antes por isso precisamos de ter flexibilidade orçamental para adaptar”, acrescenta.

(Notícia atualizada às 11h55)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Regresso do limite de 3% do PIB para défice “não é problema” para Portugal, diz Medina

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião