Bruxelas prepara-se para pedir prolongamento das medidas de poupança de energia

Entre agosto de 2022 e março deste ano, os 27 conseguiram ultrapassar os 15% de poupança de energia e reduzir os consumos de gás em 19%.

A Comissão Europeia não descarta a possibilidade de pedir aos Estados-membros um prolongamento das medidas de poupança energética decretadas em agosto de 2022, até março de 2023, e que tinham como objetivo reduzir o consumo de gás para a produção de eletricidade em 15%.

Para a Comissária da Energia, Kadri Simson, perante as previsões de um próximo inverno exigente, nomeadamente da parte da Agência Internacional de Energia, a perspetiva será a de pedir aos 27 um prolongamento dos planos de poupança energética.

Pedimos aos Estados-membros que prolonguem estas medidas, porque muitos especialistas alertam que o próximo inverno [2023-2024] pode ser mais desafiante do que este”, referiu esta terça-feira, no Parlamento Europeu.

“Os Estados-membros foram capazes de cortar no consumo de gás através dos planos que adotaram. Cortaram 19%, ao invés dos 15%. Este inverno foi mais ameno, mas não existem garantias de que o próximo vá ser igual”, alertou.

A garantia já tinha sido dada durante uma conferência de imprensa que se seguiu à apresentação das medidas europeias para o mercado da eletricidade, na qual Simson admitiu já ter discutido “com os ministros nacionais a vontade de prorrogar uma das propostas temporárias ao abrigo do artigo 122.º [do tratado], estando em causa a prorrogação da obrigação de poupança de gás em 15%, e apresentaremos muito em breve esta proposta”.

Além desta, Kadri Simson recordou que “há outra proposta [em vigor] ao abrigo do artigo 122.º que aborda as horas de ponta de eletricidade”.

“Com base nos nossos cálculos, se reduzirmos [o consumo] nessas horas de ponta entre 5% a 10%, isso permite-nos reduzir 4% do consumo de gás na produção de energia, o que também faz a diferença”, argumentou a responsável, em declarações na cidade francesa de Estrasburgo, à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu.

“Isto ainda não foi decidido, mas abordar essas horas de pico do preço do gás faz realmente a diferença e permite-nos evitar preços excessivos, pelo que pretendemos sim estender a obrigação de reduzir o consumo de gás e estamos com discussões em curso sobre a [redução da] procura de eletricidade nas horas de ponta”, concluiu Kadri Simson.

Segundo a responsável, o bloco europeu não só beneficiou dos restantes volumes de gás russo que ainda estavam armazenados, como também das temperaturas amenas que permitiram aliviar a pressão sobre o recurso ao gás natural. “Neste momento, em meados de março, estamos menos vulneráveis do que há um ano atrás. Temos atualmente as reservas de gás preenchidas em 56% — o dobro quando comparado com os volumes do ano passado — o que permite que seja mais fácil voltarmos a encher os stocks no próximo ano“, sublinhou

Além dos planos de poupança de energia, Kadri Simson relembrou que as importações de gás natural liquefeito (GNL) integraram o pacote de soluções adotadas pelo bloco europeu para responder às disrupções no abastecimento de gás russo. No entanto, teme que o mercado de GNL possa vir a sofrer disrupções perante a reabertura da economia da China.

“No ano passado conseguimos entregas adicionais de GNL, a maioria através dos EUA, e acredito que criamos uma parceria que e que não não vamos perder estes envios. Mas se a China recuperar a procura de GNL, significa que o mercado global de GNL vai sofrer alterações de preços”, alertou esta tarde perante os deputados europeus.

Além dos Estados Unidos, foram assinados contratos de fornecimento com a Noruega e Azerbeijão, que concordaram aumentar as capacidades de produção de gás, e ainda o Egipto e Israel.

Em linha com as medidas que permitam garantir o aprovisionamento de gás para o futuro, a Comissária Europeia relembra que na próxima quarta-feira, 15 de março, será aberto um registo na plataforma para as empresas europeias interessadas em integrar o consórcio para as compras conjuntas de gás. Segundo a responsável, “existem várias empresas interessadas” em fazer parte desta estratégia europeia.

Com Lusa

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