União Europeia avança com compras conjuntas de gás em abril

Além dos 27 Estados-membros, a Moldávia, Sérvia e Ucrânia deverão juntar-se à estratégia. Objetivo da UE é garantir 15% das reservas de gás.

A União Europeia vai avançar com as compras conjuntas de gás em abril, efetivando, desta forma, a decisão acordada entre o bloco europeu, no ano passado. A notícia foi avançada, esta terça-feira, pela Bloomberg, que cita o vice presidente da Comissão Europeia Maros Sefcovic.

Segundo o responsável, as estimativas colocam a procura conjunta dos 27 Estados-membros e mais três países vizinhos — Ucrânia, Sérvia e Moldávia — nos 24 mil milhões de metros cúbicos para os próximos três anos. Este valor fica acima dos iniciais 17 mil milhões de metros cúbicos de gás que correspondiam à procura de 22 Estados-membros, um dado que tinha sido anunciado pelo próprio, no passado dia 2 de março.

À Bloomberg, Sefcovic diz acreditar que a União Europeia está a “criar um novo sistema que irá aumentar a concorrência e trazer novos fornecedores e empurrar os preços da energia para baixo”. Segundo o responsável, será aberto um registo na plataforma de compras conjuntas para as empresas interessadas a 15 de março e a expectativa é que depois do lançamento do concurso público em abril, que os contratos com fornecedores comecem a ser assinados em junho.

As compras conjuntas de gás constituem apenas uma de um conjunto de medidas que a União Europeia adotou para fazer frente à crise energética no bloco espoletada pela guerra na Ucrânia. Embora os preços do gás estejam atualmente muito abaixo dos tetos registados em 2022, a expectativa é que a tendência inverta o sentido nos próximos meses, altura em que os 27 deverão voltar a reunir esforços para reabastecer as reservas de gás para o inverno de 2023 e 2024, à semelhança do que aconteceu neste inverno.

“É verdade que, atualmente, estamos a beneficiar de um inverno ameno, (…) dos níveis relativamente elevados de armazenamento de gás na Europa e de uma menor procura de gás natural liquefeito (GNL) da China. Contudo, espera-se uma nova onda de volatilidade no mercado global de GNL devido aos volumes limitados de GNL disponível, à recuperação da economia chinesa, e à redução drástica das importações de gás russo para a Europa”, explicava o vice-presidente.

“Creio que devemos utilizar plenamente a plataforma energética da UE para a compra conjunta de gás — não só para nos protegermos contra a escassez de gás, mas também para fazer face aos elevados preços da energia“, frisou.

Esta terça-feira, os contratos de gás para entrega em abril estão a negociar nos 40 euros por megawatt/hora (MWh) na plataforma holandesa TTF (Title Transfer Facility), a referência nos mercados europeus de gás natural,

Em outubro, quando a proposta foi anunciada, a Comissária para a Energia Kadri Simson explicava que as compras conjuntas serviriam o propósito de assegurar, pelo menos, 15% das respetivas metas de enchimento de armazenamento de gás entre os 27 Estados-membros, o equivalente a cerca de 13,5 mil milhões de metros cúbicos de gás.

O mecanismo irá funcionar na mesma ótica que as compras conjuntas de vacinas anti-Covid. Porém, neste caso, invés de ser a Comissão Europeia, em nome dos 27 Estados-membros, contactar os fornecedores, “as empresas seriam autorizadas a formar um consórcio europeu de compra de gás, em conformidade com as regras de concorrência da UE“, esclareceu a Comissária para a Energia.

Sefcovic, revela que pelo menos 50 empresas estão interessadas em fornecer gás ao consórcio europeu, detalhando que os setores industriais, que incluem aço, alumínio, cerâmica, vidro, e o setor produção automóvel são os principais interessados em adquiri-lo.

Sou contra qualquer noção ou sentimento de que os tempos difíceis do ano passado acabaram porque não sabemos o que este ano nos reserva“, disse Sefcovic. “O que é cada vez mais importante é que temos de lidar com os preços”.

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