Lucros da Sonae aumentam 28% em 2022, mas margem recua. Propõe dividendo de 5,37 cêntimos
Apesar da subida de 10,9% das vendas no ano passado, a retalhista revela que baixou em 41 pontos base a margem de lucro operacional, como resultado da subida significativa dos custos da sua operação.
A Sonae SON 0,00% fechou as contas do ano passado com lucros de 342 milhões de euros, 27,7% acima do registado no ano anterior. No entanto, segundo as contas apresentadas esta quinta-feira pela retalhista, o resultado líquido atribuível aos acionistas excluindo os itens não recorrentes diminuiu quase 17%, para 179 milhões de euros.
A empresa liderada por Cláudia Azevedo refere que esta queda dos resultados se deve “ao esforço em estar ao lado das famílias absorvendo parte da inflação, pelo aumento significativo dos custos e pelo resultado indireto de menos de 43 milhões de euros, na sequência das imparidades no negócio de retalho de moda, da desvalorização dos ativos da Sierra e do impacto cambial no valor dos ativos da Bright Pixel.”
“Durante o ano, a inflação aumentou para níveis que o mundo não havia presenciado neste século, sobretudo devido aos aumentos acentuados nos custos da energia e às perturbações nas cadeias de abastecimento que afetaram toda a economia. O elevado nível de inflação, juntamente com as crescentes taxas de juro, colocaram sob pressão o rendimento disponível das famílias e, consequentemente, alteraram os seus padrões de consumo”, começa por referir Cláudia Azevedo na mensagem que acompanha os resultados.
“Na Sonae, rapidamente percebemos os impactos potenciais nas nossas comunidades e agimos em conformidade para os mitigar. Para evitar uma maior sobrecarga nos orçamentos familiares, os nossos negócios de retalho suportaram parte da pressão inflacionista, à custa da sua própria rentabilidade”, assegura, numa altura em que o Governo tem apertado o escrutínio aos preços dos alimentos.
As contas da Sonae revelam uma subida de 10,9% do volume de negócios para mais de 7,7 mil milhões de euros, como resultado de ganhos de quota de mercado das suas operações, mas também dão nota de uma queda de 41 pontos base da margem EBITDA subjacente (margem de lucro operacional) de 8,6% para 8,2%, “com os negócios a suportarem parte da pressão inflacionária e do aumento significativo de custos, nomeadamente de energia, e a investir para garantir a competitividade das suas ofertas.”
Esta dinâmica é espelhada em todos os segmentos do grupo, mas particularmente na operação do retalho alimentar do grupo através da Sonae MC (que agrega a cadeia de hipermercados Continente), que apesar de ter registado um aumento de 11,5% do volume de negócios para cerca de 6 mil milhões de euros e uma subida de 4,9% do EBITDA subjacente para 563 milhões de euros, a margem de lucro operacional caiu para 9,4% face aos 10% que apresentou em 2021.
Após completar em 2022 o último ano do atual mandato enquanto CEO da Sonae, Cláudia Azevedo refere ainda em comunicado que a Sonae manteve um “nível elevado de investimento” no ano passado, sublinhando que o grupo investiu 357 milhões de euros, mais 28% face a 2021, e foi capaz de reduzir a dívida líquida “para um valor historicamente baixo” para 540 milhões de euros.
A operação da Sonae em 2022 fica ainda marcada pela alienação de várias participações, sendo de destacar a venda da empresa de cibersegurança Maxive e a venda do grupo segurador MDS, que geraram mais-valias de 146 milhões de euros.
No comunicado enviado esta quinta-feira à CMVM, a Sonae revela ainda que o conselho de administração do grupo irá propor à assembleia geral anual de acionistas, que irá decorrer a 28 de abril, o pagamento de um dividendo de 5,37 cêntimos por ação, que confere aos títulos uma taxa de dividendo de 5,2% face ao valor da cotação de fecho esta quarta-feira.
(Notícia atualizada às 7h35 com declarações de Cláudia Azevedo)
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