Bruxelas quer acelerar extração e processamento de matérias-primas críticas até 2030

Bruxelas definiu que até 2030 quer que 10% das matérias-primas críticas, como o lítio ou o colbato, sejam extraídas em solo europeu, e definiu acordos estratégicos com os EUA e países africanos.

Perante a realidade de que a procura por matérias-primas críticas, como lítio ou magnésio, deverá aumentar até ao final da década, a Comissão Europeia (CE) desenhou uma estratégia que visa reduzir a dependência e proteger o bloco europeu de uma possível escassez que possa comprometer a produção em setores estratégicos, desde painéis solares e turbinas eólicas, a bombas de calor, baterias ou semicondutores.

Nesse sentido, a Comissão Europeia quer, até 2030, que, pelo menos, 10% das matérias-primas críticas utilizadas na União Europeia sejam extraídas em solo europeu, tais como o lítio ou cobalto. “Isto significa que pelo menos 90% da capacidade terá que ter origem fora da UE“, sublinhou o comissário europeu para o Comércio, Valdis Dombrovskis, esta quinta-feira, durante uma conferência de imprensa.

As nossas necessidades no âmbito dos materiais críticos são muito claras. A procura vai começar a crescer na próxima década“, apontou Dombrovskis. A título de exemplo, o responsável revela que a procura por materiais metálicos para a produção de turbinas eólicas deverá crescer até seis vezes até 2030, e sete vezes até 2050. Já a procura por lítio, necessário para a produção de baterias de carros elétricos, deverá crescer 12 vezes até 2030, e 21 vezes até 2050.

A nossa produção doméstica é apenas capaz de dar resposta a uma fração das nossas necessidades. Não é um modelo sustentável. Precisamos de diversificar“, referiu Dombrovskis.

Nesse sentido, anunciou que o bloco europeu assinou parcerias estratégias para o fornecimento de matérias-primas críticas com países como o Canadá, Cazaquistão, Ucrânia e Namíbia, e está a ser estudada a possibilidade de alargar estas parcerias com países como a Noruega, Argentina e as repúblicas democráticas do Congo e Ruanda.

Ainda no âmbito da estratégia da Comissão Europeia, o executivo quer assegurar cerca de 40% do consumo anual da UE para processamento e refinação, 15% para reciclagem e assegurar que não mais de 65% do consumo anual de cada matéria-prima estratégica, em qualquer fase relevante da transformação, seja proveniente de um único país terceiro. Esta última consideração é relevante visto que, atualmente, cerca de que 98% destas matérias-primas proveem de países fora do bloco europeu.

Por exemplo, 97% do lítio e 93% do magnésio na UE tem origem na China, enquanto 98% do boro que chega à UE, utilizado nas tecnologias eólicas, nos ímanes permanentes e na produção de semicondutores, provém da Turquia. Por outro lado, a África do Sul é responsável por fornecer 71% das necessidades da UE em relação a metais de platina.

Ao mesmo tempo que procura desvincular-se da dependência chinesa, a UE procura construir um Clube de Alianças de Matérias-Primas Críticas, procurando fazer parcerias com os Estados Unidos e o Canadá, “e outros países que possam beneficiar desta estratégia”, explicou o responsável.

Na comunicação divulgada esta manhã, o executivo comunitário sublinha que “a UE nunca será autossuficiente no fornecimento de tais matérias-primas e continuará a depender das importações para a maioria do seu consumo“, valorizando por isso o papel do comércio internacional para apoiar a produção global e assegurar a diversificação do abastecimento.

Em causa estão matérias-primas como o lítio e o cobalto, necessárias para setores estratégicos no bloco europeu como as energias renováveis, a mobilidade, o aerospacial e o digital. Da lista de matérias-primas que devem ser consideradas estratégicas consta o bismuto, boro, cobalto, cobre, lítio, magnésio metal, grafite natural, níquel, metais de platina, terra raras, silício metálico e titânio metálico.

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